A Ucrânia prepara-se para novos cortes de energia, na sequência de uma nova vaga de bombardeamentos russos que tem causado a destruição em grande escala das infraestruturas energéticas, alertaram as autoridades ucranianas.
“Depois de seis ataques em massa à rede elétrica, há uma escassez significativa de eletricidade”, disse o Ministério da Energia deste país que tinha cerca de quarenta milhões de habitantes antes da invasão russa, lançada em fevereiro de 2022. Os sucessivos ataques russos contra o sistema energético da Ucrânia fizeram com que o país perdesse mais de nove gigawatts de capacidade de produção de eletricidade, anunciou o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmygal.
No entanto, não é só a Rússia que está a atacar. Segundo as autoridades russas, as forças ucranianas intensificaram os ataques à região fronteiriça russa de Kursk, mantendo simultaneamente a pressão sobre Belgorod.
Kiev reivindica primeiro ataque com armas ocidentais em território russo
A Ucrânia assumiu responsabilidade pelo seu primeiro ataque com armas ocidentais contra um objetivo militar localizado dentro da Federação russa, anunciou a vice-ministra ucraniana para a reintegração dos territórios ocupados. Kiev recebeu, nas últimas semanas, permissão dos seus principais aliados para atingir, com as armadas cedidas, certos alvos militares dentro da Federação Russa.
A ministra-adjunta da Reintegração dos Territórios Temporariamente Ocupados da Ucrânia, Irina Vereshchuk, publicou, nas redes sociais, imagens de um sistema de lançamento de mísseis S-300 em chamas alegadamente localizado “em território russo”. Vereshchuk sublinha que este ataque ocorreu “dias depois” da autorização de parceiros ocidentais para o uso de armamento seu cedido à Ucrânia contra objetivos russos.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, apelou aos países aliados de Kiev para que autorizem “total margem de manobra na utilização das armas que lhes foram fornecidas”.
Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ A comunidade ucraniana assinala na quinta-feira em Lisboa o desastre da barragem ucraniana de Kakhovka, alertando que a Rússia é responsável pela maior “catástrofe ambiental” na Europa na última década e deve pagar pelo crime de ecocídio. A iniciativa, que recorda o colapso da hidroelétrica a 5 de junho do ano passado na região de Kherson, no sul da Ucrânia.
⇒ A ativista russa Anastasia Shevchenko pediu à comunidade internacional para que não reconheça a legitimidade de Vladimir Putin como Presidente da Rússia. “Apelo a todos os governos do mundo para que não reconheçam o ditador e criminoso Vladimir Putin como o presidente legítimo do meu país”, disse Shevchenko num discurso gravado em vídeo no segundo dia do Fórum da Liberdade de Oslo.
⇒ Os apoiantes do falecido opositor russo Alexei Navalny prestaram-lhe homenagem, depositando flores na sua campa em Moscovo. O dia 832 de guerra coincidiu com o dia de aniversário do crítico do poder do Kremlin, caso estivesse vivo completaria 48 anos.
⇒ O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) anunciou que a provedora das crianças imposta por Moscovo para a autoproclamada República de Lugansk, Inna Mishchenko, está a ser procurada por Kiev por deportação de menores. “O serviço especial ucraniano processou dados sobre a participação direta da suspeita na deportação, a transferência para os invasores dos arquivos pessoais de crianças do território temporariamente ocupado da região de Lugansk e a sua transferência ilegal para a Rússia”, informaram as autoridades ucranianas, em comunicado.
⇒ A Itália vai fornecer um novo sistema de defesa aérea SAMP/T, um equivalente franco-italiano do Patriot norte-americano, respondendo aos apelos de Kiev para o reforço do controlo aéreo face aos bombardeamentos russos, anunciaram hoje as autoridades ucranianas. “O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, confirmou que o seu país irá fornecer à Ucrânia um segundo sistema de defesa aérea SAMP/T”, declarou Andriï Iermak, chefe da administração presidencial ucraniana, na rede Telegram.