O ministro da Defesa de Israel está de visita aos Estados Unidos esta quarta-feira e, depois de uma reunião com o conselheiro de Segurança Nacional norte-americano, disse que foi feito “progresso considerável” nas negociações com os EUA, especialmente sobre o fornecimento de mais armas.
Yoav Gallant, cuja visita tem sido criticada por vários membros do Partido Democrata (tal como a iminente viagem de Benjamin Netanyahu a Washington D.C.), adiantou que as conversas com Jake Sullivan abordaram “o assunto do aumento das forças e do fornecimento de munições que deve ser enviado ao estado de Israel”.
“Durante estas reuniões, fizemos um progresso considerável. Obstáculos foram removidos e dúvidas foram respondidas”, garantiu o ministro israelita, que voltou a agradecer a Joe Biden e aos EUA pelo apoio inabalável ao executivo de Telavive.
As declarações de Gallant surgiram poucos dias depois de o primeiro-ministro do seu país, Netanyahu, ter criticado os norte-americanos por abrandarem a entrega de armas a Israel, para que o exército continue a bombardear a Faixa de Gaza e a combater o que considera ser os últimos redutos do Hamas. Contudo, a administração Biden garantiu que só congelou uma única encomenda de bombas pesadas, em maio, quando foi avançado por organizações não-governamentais que armas norte-americanas tinham sido usadas para matar civis palestinianos em Gaza.
Antony Blinken, o secretário de Estado dos EUA, destacou o encontro com Gallant nas redes sociais, reiterando que o objetivo das reuniões é discutir o plano de cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos (e que já obteve sinais positivos do Conselho de Segurança da ONU e até do Hamas) e “a libertação de todos os reféns restantes, bem como a análise do período pós-conflito”.
EUA pedem “solução diplomática” para evitar guerra no Líbano
As tensões entre Israel e o grupo fundamentalista Hezbollah, que opera no sul do Líbano, continuam a preocupar os vários atores internacionais. Esta quarta-feira, o chefe humanitário das Nações Unidas, Martin Griffiths, avisou que um conflito mais alargado na região seria “potencialmente apocalíptico”.
Dois dos principais responsáveis dos EUA no que diz respeito à política externa também instaram Israel a não escalar a guerra na fronteira com o Líbano. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, disse que Antony Blinken “enfatizou a importância de evitar uma nova escalada do conflito e de alcançar uma solução diplomática, que permita às famílias israelitas e libanesas voltarem para casa”, na reunião com Yoav Gallant.
Já o secretário de Estado da Defesa, Lloyd Austin, deixou claro que qualquer intensificação dos ataques entre Israel e o Hezbollah “poderia facilmente tornar-se uma guerra regional, com consequências desastrosas para o Médio Oriente”.
“A diplomacia é de longe a melhor forma de evitar uma nova escalada”, acrescentou.
Entretanto, alguns países já começaram a tomar decisões diplomáticas perante a perspetiva de uma guerra na fronteira sul do Líbano, incluindo o Canadá, que pediu esta quarta-feira aos seus cidadãos para abandonarem o país, devido à “crescente volatilidade” da situação”.
“A situação de segurança no Líbano é cada vez mais volátil e imprevisível devido à escalada sustentada de violência entre [o grupo xiita libanês] Hezbollah e Israel, que pode deteriorar-se ainda mais sem aviso. (…) Agora é a hora de partir, enquanto os voos comerciais permanecem disponíveis”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros do Canadá, Mélanie Joly, através da rede social X (antigo Twitter).
À direita, o ativista palestiniano Aziz Abu Sarah encontrou-se com o Papa Francisco a 18 de maio, juntamente com o seu amigo israelita Maoz Inon
Vatican Pool
Guerra no Médio Oriente
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> O Gabinete da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) informou que pelo menos 536 palestinianos foram mortos por militares ou colonos israelitas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém leste, desde o dia 7 de outubro.”Quase um quarto das vítimas são crianças. A grande maioria foi assassinada pelas Forças de Defesa de Israel e pelo menos dez pessoas foram-no às mãos dos colonos”, acrescenta o gabinete das Nações Unidas;
> A Câmara de Lisboa decidiu hoje, com os votos contra da liderança PSD/CDS-PP, instar o Governo a reconhecer o Estado da Palestina, numa moção proposta pelo BE, que teve os votos a favor dos restantes vereadores da oposição. Pedindo um “fim do genocídio em Gaza”, após mais de 37 mil mortos, a vereação do BE, representada por Ricardo Moreira, defendeu que “é a hora de reconhecer o Estado da Palestina”;
> O Governo alemão apresentou um projeto de lei para reforçar a sua política contra o ódio na Internet, planeando expulsar os imigrantes que celebrem online atos terroristas. O texto do diploma foi hoje proposto pela ministra do Interior, numa reação ao ataque que fez um morto e vários feridos em Mannheim, no oeste do país;
> O exército do Reino Unido disse esta quarta-feira que os rebeldes Huthis do Iémen atacaram a cidade portuária de Eilat, no sul de Israel, e um navio no golfo de Aden. A agência de segurança marítima UKMTO, que está sob a tutela do exército do Reino Unido, disse que o capitão “de um navio mercante relatou que um míssil atingiu a água nas proximidades do navio” junto à costa de Aden, no sudoeste do Iémen;
> A defesa do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, pediu ao Tribunal Distrital de Jerusalém que o político não tenha de testemunhar até março de 2025 no seu julgamento por corrupção. Netanyahu é acusado desde 2019 de fraude, suborno e quebra de confiança em três casos distintos de corrupção, e é acusado de oferta de presentes em troca de favores e alegado tratamento de cobertura positiva da comunicação social.