Começam a chegar à região de Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia, os projéteis de que os militares ucranianos necessitam para se defenderem da ofensiva de verão russa. Depois de as forças da Ucrânia terem ficado paralisadas durante meses, pela escassez de projéteis de artilharia e outras armas, enquanto o Congresso dos EUA retinha milhares de milhões de dólares em ajuda militar, podem agora defender-se com maior eficácia.
A Rússia aproveitou a vantagem nas linhas da frente, e, nos últimos dias, os militares ucranianos têm trabalhado sem parar para travar as operações ofensivas russas. Com um pacote de ajuda de 61 mil milhões de dólares, aprovado pelo Congresso norte-americano no mês passado, os artilheiros da Ucrânia afirmam que a escassez no terreno está a começar a diminuir.
A agência Reuters conversou com Pavlo, artilheiro da 92ª Brigada de Assalto Separada da Ucrânia, que contou que as granadas estão a chegar ao terreno. Os combates são mais intensos do que na sua missão anterior em Bakhmut, a cidade no leste da Ucrânia capturada pela Rússia no ano passado, e reduzida a escombros ao longo de meses de combates. “É 24 horas por dia, sete dias por semana; a infantaria russa continua a avançar, e nós continuamos a lutar contra os seus ataques. Pelo menos estamos a tentar. Estávamos posicionados na área de Bakhmut, agora fomos transferidos para cá. É muito mais intenso aqui. Não tínhamos granadas em Bakhmut. Aqui, pelo menos, temos granadas, começaram a entregá-las. Temos algo com que trabalhar.”
As forças russas cruzaram a fronteira no início deste mês, e dizem já ter capturado cerca de uma dezena de aldeias. Vovchansk, cinco quilómetros além da fronteira, continua a ser o maior foco da incursão, mas as forças ucranianas controlam cerca de 60% da cidade.
As tropas ucranianas estão a alcançar resultados “tangíveis” contra as forças russas na região de Kharkiv, mas a situação na linha da frente, perto das cidades de Pokrovsk, Kramatorsk e Kurakhove continua a ser “extremamente difícil”, admitiu mesmo o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Mais de 14.000 pessoas foram deslocadas nos últimos dias, informou a Organização Mundial da Saúde. “Cerca de 189 mil ainda residem num raio de 25 quilómetros da fronteira com a Federação Russa, enfrentando riscos significativos, devido aos combates em curso”, detalhou Jarno Habicht, representante da OMS na Ucrânia.
Um dia depois de as forças russas terem iniciado exercícios militares perto da Ucrânia, simulando o uso de armas nucleares táticas – Vladimir Putin deu ordem para que os exercícios fossem iniciados depois de Emmanuel Macron ter apontado a possibilidade do envio de tropas europeias para a Ucrânia e de o secretário de Negócios Estrangeiros do Reino Unido ter dito que a Ucrânia tinha o direito de usar armas fornecidas pelos britânicos para atingir alvos na Rússia -, surge uma nova ameaça, desta vez denunciada pelos EUA.
O Pentágono acusou a Rússia de lançar uma arma espacial e de a colocar na mesma órbita de um satélite norte-americano. “A Rússia lançou um satélite na órbita baixa da Terra que acreditamos ser uma arma espacial, capaz de atacar outros satélites”, declarou o porta-voz do Pentágono, o general Pat Ryder. Lançada a 16 de maio, a alegada arma espacial terá sido colocada “na mesma órbita de um satélite do Governo americano”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar: “Não posso comentar este assunto. Estamos a agir em total conformidade com o direito internacional, não estamos a violar nada e defendemos repetidamente a proibição de todas as armas no espaço.”
Edifício em Sumy, após um ataque com drones, em março de 2024
Global Images Ukraine
Guerra na Ucrânia
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Outras notícias a destacar:
⇒ Volodymyr Zelensky convidou o seu homólogo moçambicano para participar na Cimeira Global sobre a Paz na Ucrânia. Durante a conversa telefónica, Filipe Nyusi também reconheceu o incremento das relações entre os dois países. Em comunicado, a Presidência da República moçambicana refere que a “conversa telefónica decorreu num ambiente cordial e de abertura”, durante a qual ambos os chefes de Estado “passaram em revista o estágio das relações bilaterais de cooperação e trocaram informações sobre a situação dos dois países”.
⇒ A Rússia reivindicou a tomada de Klishchiivka, no leste da Ucrânia, um dos poucos locais que o Exército ucraniano recapturou durante a contraofensiva que realizou durante o verão. As forças ucranianas estão na defensiva desde o fracasso da contraofensiva e têm falta de soldados e armas.
⇒ Mais de três mil reclusos ucranianos candidataram-se para ingressar no Exército, ao abrigo de uma nova lei aprovada no país. Apenas reclusos com menos de três anos de pena podem inscrever-se. Entre os presos não elegíveis estão aqueles que foram considerados culpados de violência sexual, homicídio de duas ou mais pessoas e corrupção grave. Antigos funcionários de alto escalão do Estado também não estão abrangidos.