Em período de eleições europeias, o jornal “Politico” decidiu procurar perceber que eurodeputados têm sido os “principais aliados” da Rússia no Parlamento Europeu. A análise aos registos das votações em 16 resoluções desde 2020 que criticam Moscovo permitiu compilar uma lista de 30 eurodeputados em que constam dois portugueses: Sandra Pereira e João Pimenta Lopes, ambos do PCP.
As resoluções selecionadas incluem temas como o reforço militar russo na fronteira com a Ucrânia (em abril de 2021), a escalada da guerra de agressão russa (outubro de 2022) ou as condições desumanas da detenção do opositor russo Alexei Navalny (fevereiro de 2023).
A eurodeputada Sandra Pereira, atual número dois da lista da CDU às europeias, surge no segundo lugar do gráfico do “Politico”, com 14 votos contra – não esteve presente nas restantes duas. João Pimenta Lopes, que é terceiro na lista da CDU para as eleições de domingo, ocupa a sexta posição com um total de 12 votos contra – não marcou presença nas outras quatro.
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As resoluções críticas de Moscovo “têm sido normalmente apoiadas por uma grande maioria dos eurodeputados”, mas “um pequeno grupo opôs-se firmemente aos textos anti-Rússia, absteve-se ou faltou às votações”, aponta o “Politico”. A maior parte são deputados de extrema-esquerda e de extrema-direita do Grupo da Esquerda e do Identidade e Democracia e não inscritos, indica o jornal, referindo também que dois terços dos presentes na lista estão a concorrer à reeleição esta semana.
A eurodeputada com o maior número de votos contra (15) é Tatjana Zdanoka, da Letónia, que foi acusada de espionagem para a Rússia e não se vai recandidatar. “Sim, sou uma agente, uma agente para a paz”, respondeu em fevereiro, negando a acusação. Um inquérito do Parlamento Europeu considerou-a infratora do código de conduta dos deputados, o que resultou numa multa de 1750 euros.
A análise destaca ainda como os registos das votações revelam “divisões profundas” dentro dos grupos. No Identidade e Democracia, os deputados da Alternativa para a Alemanha (AfD) – partido entretanto expulso do grupo – abstiveram-se ou opuseram-se à maioria dos textos, enquanto os do francês Rassemblement National apoiaram apenas um quarto.
TIAGO MIRANDA
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O trabalho conclui também que alguns deputados “suavizaram a posição”, optando cada vez mais pela abstenção em vez do voto contra, à medida que a guerra da Rússia na Ucrânia se arrastava.