George Washington nunca cortou a cerejeira, apesar da famosa história que contava o contrário, mas embalou algumas garrafas com esta fruta na sua mansão Mount Vernon, algumas descobertas agora perfeitamente preservadas.
Escavações arqueológicas associadas a um projecto de restauração da histórica residência do primeiro Presidente dos Estados Unidos, George Washington, conhecida como Mount Vernon, nas margens do rio Potomac, permitiram descobrir dezenas de garrafas de cerejas e frutas vermelhas, preservadas em poços de armazenamento na cave da sua mansão.
Jason Boroughs, principal arqueólogo de Mount Vernon, contou que a descoberta de tantos alimentos perfeitamente preservados de mais de 250 anos atrás é essencialmente sem precedentes, noticiou na segunda-feira a agência Associated Press (AP).
“Encontrar o que é essencialmente fruta fresca, 250 anos depois, é bastante espectacular”, frisou Boroughs. Pedaços inteiros de frutas, reconhecíveis como cerejas, foram encontrados em algumas das garrafas. Outras garrafas continham o que pareciam ser groselhas, embora testes estejam em andamento para confirmar essa informação.
Mount Vernon estabeleceu uma parceria com o Departamento de Agricultura dos EUA, que está a realizar testes de ADN à fruta. Também está a examinar mais de 50 caroços de cereja recuperados das garrafas para ver se algum destes pode ser plantado.
Os registos em Mount Vernon mostram que George e Martha Washington gostavam de cerejas, pelo menos quando misturadas com conhaque. A receita de Martha Washington para um cocktail com cereja sobreviveu, e Washington escreveu que levou consigo um cantil de cereja numa viagem pelos montes Alleghenies, em 1784.
Estas cerejas descobertas, porém, provavelmente foram engarrafadas para serem consumidas simplesmente como cerejas, referiu Boroughs.
A qualidade da preservação reflecte um trabalho de alto calibre. Os escravos cuidavam da cozinha da plantação. A cozinha era supervisionada por uma mulher escravizada chamada Doll, que foi para Mount Vernon em 1758 com Martha Washington, segundo a propriedade.
“Os escravos que cuidavam das árvores, colhiam as frutas, trabalhavam na cozinha, essas seriam as pessoas que provavelmente teriam supervisionado e feito esse processo”, salientou Boroughs.
As garrafas foram encontradas apenas porque Mount Vernon está a realizar um projecto de revitalização da mansão de 40 milhões de dólares que esperam ter concluído até o 250.º aniversário do país em 2026.
Os arqueólogos sabem que as garrafas são anteriores a 1775, altura em que a mansão foi alvo de uma ampliação esta área ficou coberta com um piso de tijolos.
Mount Vernon anunciou em Abril, no início do seu trabalho arqueológico, que tinha encontrado duas garrafas. À medida que a escavação continuou, o número aumentou para 35 em seis poços de armazenamento distintos.
Seis das garrafas estavam partidas, doze continham cerejas, 16 continham as outras frutas que se acreditava serem groselhas e uma garrafa maior continha cerejas e outras frutas.
A lenda de George Washington e a cerejeira conta que o primeiro Presidente dos EUA recebeu um pequeno machado no seu aniversário e que, feliz com a prenda, tentou cortar algumas árvores, cortando a cerejeira favorita do seu pai. Depois do pai o confrontar, George Washington respondeu a famosa frase “Fui eu que cortei a cerejeira”, o que motivou orgulho no pai pela honestidade do filho.