Caso António Costa consiga esta nomeação, isto “acaba também por beneficiar muito o país em termos de credibilidade de reconhecimento e isso seria muito importante para Portugal”, disse ainda João Leão à Lusa.
O antigo ministro das Finanças João Leão descreve o ex-primeiro-ministro, António Costa, como “especialmente habilitado” para presidir ao Conselho Europeu, classificando os casos judiciais que o envolvem como “atuação normal de um Governo” para atrair investimento.
“Admito – e é uma opinião pessoal – que seja uma pessoa especialmente habilitada para esse tipo de funções”, disse João Leão, em entrevista à agência Lusa, no Luxemburgo.
“O que lhe posso dizer da minha experiência pessoal [após ter feito parte do seu Governo] é que é uma pessoa com uma experiência política assinalável […] ao longo de três décadas, […] quer como ministro de diferentes áreas, como presidente da Câmara [de Lisboa], quer como primeiro-ministro”, acrescentou.
Além disso, “é uma pessoa com uma experiência concreta de muito elevada, muito extensa, também ao nível do próprio Conselho Europeu, […] e é uma pessoa com uma capacidade de coordenação, de capacidade de encontrar compromissos, com pragmatismo, de encontrar soluções e com a flexibilidade que me parece impressionante”, adiantou.
A poucos dias de os líderes da UE decidirem sobre a eventual nomeação de António Costa para a liderança da instituição europeia que junta os chefes de governo e de Estado, João Leão indicou que os casos judiciais que envolvem o ex-primeiro-ministro se referem a uma “atuação de um governo que em grande parte é uma ação normal”, tendo por base “fazer tudo para atrair [investimento estrangeiro]”.
Para o ex-membro de governos socialistas, o facto de nunca ter havido nenhuma alegação concreta contra António Costa “tranquiliza muito”.
Ainda assim, João Leão adiantou existir “um problema gravíssimo em Portugal” relacionado com a divulgação de escutas.
Caso António Costa consiga esta nomeação, isto “acaba também por beneficiar muito o país em termos de credibilidade de reconhecimento e isso seria muito importante para Portugal”, disse ainda João Leão à Lusa.
Na passada segunda-feira, o jantar informal de líderes da UE terminou sem acordo, numa primeira discussão que será retomada na próxima semana sobre cargos de topo no mandato seguinte que envolve o ex-primeiro-ministro, António Costa.
Este foi o início oficial de um debate sobre os cargos de topo no próximo ciclo institucional, entre 2024 e 2029, uma semana após as eleições europeias, que deram vitória ao Partido Popular Europeu (PPE), seguido dos Socialistas e Democratas (S&D) e dos liberais do Renovar a Europa.
Discute-se o nome de António Costa para a liderança do Conselho Europeu, o de Ursula von der Leyen e o de Roberta Metsola para segundos mandatos na Comissão e no Parlamento, respetivamente, e o da primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para chefe da diplomacia comunitária. Estes têm, respetivamente, apoios do S&D, PPE e liberais.
Apesar da sua demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português, António Costa, continua a ser apontado para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, numa nomeação que é feita pelos líderes europeus, que decidem por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).
Aos 62 anos, António Costa participou durante oito anos nas reuniões do Conselho Europeu, período no qual assumiu as funções de primeiro-ministro.
Nesta entrevista à Lusa, João Leão abordou também as suas recentes funções como membro português do Tribunal de Contas Europeu (TCE), um alto cargo europeu que assumiu há três meses, dizendo ser “bastante entusiasmante” fazer parte desta instituição europeia que avalia a execução do orçamento europeu e das principais políticas europeias, principalmente “num dos momentos mais críticos da Europa desde que a União Europeia”, pelo contexto geopolítico de guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e de desafios ao nível ambiental e económico.