Em entrevista ao Negócios e Antena 1, João Bento garante que nas condições atuais será impossível atingir o objetivo de captar 3,5 mil milhões de euros nestes instrumentos de poupança do Estado: “O que está aprovado no Orçamento do Estado é incompatível com os níveis de colocação atuais”, sublinha, acrescentando que “é de crer, e nós apostamos nisso, que venha a aumentar na segunda metade do ano, com algum significado, a colocação de produtos de poupança e em particular de Certificados de Aforro”.
O CEO dos correios avisa que o objetivo de crescimento da empresa presume que conseguirá colocar cerca de 3 mil milhões de euros em dívida pública. No entanto, está “muito longe, ao ritmo atual, de conseguir fazê-lo. No segundo semestre, nós e o Governo e o IGCP temos de fazer o que precisa de ser feito para lá chegar”.
Este é um aspeto em que o facto de o Executivo ter estado em gestão terá “prejudicado alguma dinâmica”, mas isso, acredita, pode e deve ser corrigido. “Há duas coisas que o Tesouro poderia fazer. Uma é elevar o limite por conta, que é de 50 mil euros. A outra é olhar para a rentabilidade, que perdeu competitividade e agora era preciso reganhá-la. Há também uma dimensão política de fomento à poupança, que fica bem ao Governo promover”, atira.
João Bento acrescenta que o facto de o Estado poder não estar disponível para remunerar mais os certificados também não serve de justificação, dado que “hoje já está a pagar mais na colocação institucional. Então, porque não oferecer a mesma rentabilidade aos portugueses?”, questiona.