São Tomé e Príncipe
Nem o experiente Marcelo Rebelo Sousa nem o estreante Paulo Rangel foram suficientemente cautelosos nos comentários que prestaram face à divulgação do acordo de cooperação militar entre a República de São Tomé e Príncipe e a Federação Russa, que permite doravante a realização de exercícios e utilização de bases deste país a que chamamos irmão africano. Sendo certo que tal acordo provocou algum desagrado nos meios políticos portugueses, também é certo que a diplomacia nacional, se não descurou o assunto, pelo menos não o terá valorizado nem terá estado atenta às dificuldades que o país enfrenta, nomeadamente a sua população mais jovem, a quem faltam oportunidades de trabalho e acesso a formação. Portugal deve, por isso, aproveitar este episódio e reforçar os apoios na cooperação, dando testemunho do que representa a nossa proximidade e fraternidade e abrindo as portas à imigração laboral e estudantil, pois é nos momentos difíceis e delicados que mostramos quanto nos une e como nada pesa o que nos separa. A isso nos obriga o percurso histórico comum e tudo o que daí resulta.
José Manuel Pavão, Porto
O TGV Lisboa-Madrid
Numa entrevista televisiva, o secretário de Estado das Infra-Estruturas do anterior Governo dizia, poucas semanas antes das eleições, que o comboio entre Lisboa e Madrid demoraria seis horas, que seriam reduzidas para cinco com a Terceira Travessia do Tejo em Lisboa. Fez estas afirmações nas obras da nova linha entre Évora e Elvas, que permitirá velocidades de 250km/h e será de tráfego misto (passageiros e mercadorias). O traçado em solo português é predominantemente em via única.
Agora, o novo Governo da AD, ao anunciar a localização do novo aeroporto de Lisboa, refere a ligação deste a Madrid, sendo o tempo de viagem de três horas, entre Lisboa e aquela cidade, o que é incompatível com a solução apresentada pelo Governo anterior e que teria o acordo de Espanha. Em que ficamos? Já alguém estudou a viabilidade económica de um comboio de alta velocidade entre Lisboa e Madrid (que, obviamente, não seria em via única nem convivendo com mercadorias)?
Carlos Anjos, Lisboa
Um grito palestiniano
Prostrado em frente à televisão, vejo e ouço um palestiniano perguntar, perante o avanço do Exército de Israel sobre Rafah: para onde ir? Para onde posso levar a minha mulher, as minhas crianças, os meus pais? Esse palestiniano falava apenas, sem o referir, do direito de ir e vir, tão básico como o direito de comer, de respirar: de um direito que não tem e que há muito lhe é negado. Os palestinianos, como se constata, têm apenas o dever de deslocação forçada. Mas sem sequer saberem para onde, pois, em nome da segurança (?!), pode-se sempre voltar ao ponto de partida, mesmo que este possa já não existir. Assim sendo, creio não ser um exagero afirmar, face ao que diariamente nos é dado ver, que ao povo palestiniano resta um único direito: o direito de morrer. Ou será uma obrigação?
Luís Pardal, Lisboa
Eleições europeias
É já no próximo dia 9 de Junho que vão decorreras eleições europeias para o seu parlamento – “o coração da democracia europeia”. Portugal elege 21 dos 720 eurodeputados que o compõem. É bom que haja muita participação dos portugueses na ida às urnas, a fim de não serem apenas as ovelhas ronhosas em subsidiodependência.
A UE tem de, muito rapidamente, se converter numa espécie de Federação Europeia ou de Estados Unidos da Europa, com o essencial comum a todos os países participantes, sem perda das suas identidades. A Europa democrática deve levar as suas fronteiras mais a leste, até ao mais oriental território da martirizada Ucrânia, erguendo uma espécie de “muro de Berlim” que faça frente e a separe do país agressor e mais ameaçador da actualidade (…). Só assim uma Europa Unida poderá fazer frente a tão violento vizinho – o ditador que mora no Kremlin.
José Amaral, V.N. Gaia
Aeroporto Luiz de Camões
“O Governo fez em 30 dias o que Costa não fez em oito anos.” Assim falou José Sócrates sobre o anúncio do novo aeroporto, denominado Luiz de Camões. Por que rotas voou António Costa? Porque não alavancou a obra? Luís Montenegro vai ficar ligado a essa monumental obra. Espero que o Tribunal de Contas fiscalize as habituais derrapagens orçamentais. Alcochete vai ficar na rota internacional da aviação. Seria uma honra memorialista se o Governo respeitasse a grafia do nome original do autor de Os Lusíadas. Luiz de Camões é com “z”.
Ademar Costa, Póvoa de Varzim