Terras do ódio
Visto de Portugal, os ódios e as violências que observamos no Médio Oriente, entre israelitas/judeus e palestinianos e árabes são completamente incompreensíveis.
Neste país de brandos costumes (ainda que nunca nada esteja assegurado e onde já fomos também muito violentos) não entendemos o perpetuar, há praticamente 80 anos, de tanta incompreensão, tanto fanatismo, tanta dificuldade em viver juntos em paz.
Se procurarmos uma resposta para a situação que ali se vive, só uma fundamental me surge: o ódio ao outro é fomentado activamente nas famílias, nas instituições, nos governos, nas escolas, nos centros “religiosos”, nas ruas. Têm muitas razões para isso, dadas as décadas de violência recíproca. Mas a escolha activa que fazem é odiar. Continuar a odiar. Passar o ódio de geração em geração. Perpetuar o ódio. Não entendem onde isso os levou? É esse o presente e o futuro que querem para si e para os seus filhos? Não são capazes de descortinar alternativas de vida?
Vivem na obsessão doentia da afirmação das identidades que dividem, que incompatibilizam – em vez de servirem para o respeito, a curiosidade, a descoberta das diferenças. Claro que é possível viver juntos. Haja vontade. Curioso que aquelas terras sejam o berço de três religiões históricas. Que têm andado a fazer os seus líderes? Os resultados são infelizmente reveladores.
Carlos Meira, Lisboa
Alívio fiscal
Há ou não há alívio fiscal? Não duvido que vá haver alívio fiscal, mas para quem? É garantido o alívio fiscal sobre as grandes empresas em IRC. E quanto ao IRS? Feitas as contas há um alívio de menos de 200 milhões de euros, quando foi propagandeado um alívio de 1500 milhões. Esta mentira terá de ser assumida pelo Governo, ou será o seu descrédito. Este alívio fiscal a quem beneficiará e a quem prejudicará? Segundo os estudos conhecidos, pagam IRS apenas 58% das famílias, as restantes têm tão baixos rendimentos que não pagam IRS. Ora, sabendo-se que destas famílias que não pagam IRS, muitas delas, em vez de pagarem, recebem subsídios de diversa ordem para não viverem na miséria extrema. Com esta hipotética redução de impostos, especialmente do IRC, vai haver menos dinheiro para os apoios sociais e os serviços públicos, que servem para melhorar a vida de todos. Em conclusão, esta redução de impostos beneficia muito poucos e pode prejudicar a generalidade dos portugueses, ou não será?
Mário Pires Miguel, Reboleira
Afinal 1500 milhões de euros é igual a 200 milhões
Apesar do anúncio feito com pompa e circunstância por Luís Montenegro na Assembleia da República no início da apresentação do programa do actual Governo, os 1500 milhões de euros de redução no IRS anunciados são, simplesmente, cerca de 200 milhões, uma vez que os restantes 1300 milhões de euros já estavam consagrados no OE para 2024 apresentado pelo Governo anterior do Partido Socialista. Habilidade política ou desonestidade intelectual, eis a questão? Esta é uma pergunta normal e que pode e deve ser feita por qualquer português. Como querem os políticos que se acredite neles, quando usam e abusam das meias palavras que depois usam para clarificar uma coisa ou, se for necessário, como é obviamente o caso presente, o seu contrário? Luís Montenegro começou mal, porque afirmou algo que não corresponde à realidade, segundo o próprio ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou. Onde está a honestidade intelectual que tanto diz defender, sr. Luís Montenegro, onde está? Afinal e infelizmente, o senhor é igual aos outros.
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora
Ditaduras agressivas e democracias em perigo
Kim Jong un fez, recentemente (dia 10 de Abril), uma visita à Universidade Militar e Política em Pyongyang, enquanto estavam a decorrer as eleições parlamentares na Coreia do Sul. Kim Jong un, usando da palavra, prometeu “desferir um golpe fatal aos inimigos, se for provocado”. Ora o recado, neste caso, era para a Coreia do Sul. É sabido que Kim Jong un ameaça outros países e os Estados Unidos também não escapam às suas ameaças. Na verdade, esta jovem e anafada figura grotesca tem continuado com uma férrea ditadura – que já é dinástica – no seu país e apresenta-se como o Líder Supremo, o Grande Chefe cavalgando no seu cavalo branco – imagem de marca. Kim Jong un é o exemplo do que são as ditaduras tenebrosas, eufóricas com o seu potente armamento militar exibido em grandiosas paradas militares que fazem delirar e entrar em êxtase o pobre povo norte-coreano. Introduzi este preâmbulo para mostrar a minha repulsa e asco que sinto relativamente a Kim Jong un e aos ridículos generais jarretas que deliram quando acompanham o Líder Supremo. V. Putin e Donald Trump são outras criaturas que me infundem aversão, porque o primeiro é outro tenebroso ditador que não dispensa a mentira reiterada e o assassinato para se manter no poder, e o segundo, vivendo numa democracia, é um riquíssimo empresário inculto, um refinado demagogo, um intrujão populista que age por mero capricho pessoal, manipulando os eleitores americanos mais atrasados com promessas insensatas e mirabolantes que podem pôr em perigo a democracia americana.
António Cândido Miguéis, Vila Real