O Exército israelita bombardeou esta quarta-feira o campo de refugiados de Al Mawasi na Faixa de Gaza, previamente designado de “zona segura”, na sequência da ofensiva em Rafah, no sul do enclave, avançou a agência noticiosa palestiniana Wafa, citada pela EFE. A operação israelita provocou, pelo menos, sete mortos.
Apesar das críticas das organizações humanitárias sobre o estabelecimento deste campo de refugiados junto à costa de Gaza, composto por tendas improvisadas e sem serviços básicos, milhares de palestinianos dirigiram-se para este local em fuga dos persistentes ataques militares israelitas em Rafah.
Fontes palestinianas indicaram que o objetivo do Exército israelita é formar um cerco total à cidade, o que pode provocar uma nova retirada em massa num território em que 1,7 milhões de pessoas já se encontram deslocadas.
“Nos últimos meses na Faixa de Gaza, aproximadamente 67% das instalações de saneamento e infraestruturas de água foram destruídas ou danificadas”, alertou a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), na rede social X.
O gabinete dos direitos humanos da ONU também denunciou num relatório hoje publicado a “repetida violação dos princípios fundamentais das leis de guerra” pelos ataques israelitas contra a população civil. Seis ataques realizados no ano passado pelo exército israelita em Gaza “resultaram num elevado número de mortes entre civis e a generalização de destruição de propriedade civil, levantando sérias preocupações no que diz respeito às leis da guerra”. Segundo o documento, 218 pessoas morreram nestes ataques, mas o número de mortos poderá ser maior.
“A obrigação de escolher meios e métodos de guerra que evitem ou, pelo menos, minimizem ao máximo os danos possíveis aos civis parece ter sido sistematicamente violada durante a campanha de bombardeamentos de Israel”, disse o Alto-Comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk. Enquanto Israel desvalorizou o relatório sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos em Gaza, insistindo que o seu único objetivo é isolá-lo e “proteger ainda mais os terroristas do Hamas”.
OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:
⇒ Em entrevista a um canal televisivo israelita, o porta-voz do Exército israelita, o contra-almirante Daniel Hagari, opinou que “a ideia de destruir o Hamas é lançar areia para os olhos do público” porque o movimento islamita palestiniano, que controla Gaza desde 2007, é “está enraizado no coração das pessoas. Quem pensa que podemos eliminar o Hamas está enganado”. O gabinete do primeiro-ministro desmentiu veladamente as declarações de Hagari, ao indicar que “Netanyahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas. Em consequência, o Exército está comprometido com isso”.
⇒ Um navio atacado por hutis do Iémen afundou-se no mar Vermelho, disseram as autoridades militares britânicas. A ofensiva provocou a morte de um dos tripulantes.
⇒ O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, advertiu que “nenhum local” em Israel ficará imune aos mísseis do movimento xiita libanês, caso os dirigentes israelitas decidam concretizar as suas ameaças de atacar o Líbano. “Deve esperar-nos por terra, por mar e por ar”, assegurou num discurso transmitido pela televisão. Também também ameaçou o Chipre caso a ilha decida disponibilizar os seus aeroportos e bases a Israel em caso de guerra contra o Hezbollah.
⇒ Familiares de soldados israelitas mortos no decurso dos ataques do Hamas a 7 de outubro passado vão formar uma comissão nacional de investigação sobre as falhas de segurança. Uma decisão que surge após a emissora pública israelita Kan ter indicado que os serviços secretos israelitas conheciam “com elevado grau de precisão”, e com antecedência, os planos do Hamas. O governo israelita já tinha prometido uma investigação sobre as falhas de segurança que permitiram os ataques, mas que só deverá ocorrer após o fim do conflito
⇒ Netanyahu decidiu retirar da agenda do parlamento um polémico projeto de lei que ampliaria a influência do rabinato nas autoridades locais do país, mas que iria exigir maiores custos para os contribuintes. De acordo com o jornal The Times of Israel, o primeiro-ministro ordenou a mudança após consultar o líder da coligação no parlamento, Ofir Katz, que deveria remover dois deputados do partido governamental Likud da Comissão de Constituição, Lei e Justiça devido à sua oposição ao projeto, o que segundo o líder do partido ultraortodoxo Shas, Aryeh Deri, poderia colapsar a coligação governamental.
⇒ O primeiro-ministro israelita criticou a “política mesquinha” que diz estar a ser levada a cabo por parte dos aliados na coligação governamental e apelou à unidade para derrotar o grupo palestiniano Hamas e recuperar os reféns. A mensagem publicada nas suas redes sociais surge após os bloqueios na coligação de um controverso projeto de lei que mudaria drasticamente a forma como os rabinos municipais são nomeados.
⇒ A autarquia de Bruxelas anunciou a recusa em receber o jogo de futebol entre Bélgica e Israel, da Liga das Nações, em 6 de setembro, tendo em conta o “alto risco” para a segurança dos seus habitantes. A Bélgica integra o Grupo A2 da Liga das Nações, juntamente com Itália, França e Israel, sendo que o estádio Rei Balduíno tem sido, por norma, o palco dos jogos em casa dos ‘diabos vermelhos’.