Matilde Fieschi
Nasceu em 1970, em Angola, onde viveu seis meses. A família mudou-se depois para Braga, por causa do trabalho do pai mas foi na linha de Cascais, na Parede, que cresceu. O pai era historiador de arte, a mãe professora de línguas e literatura inglesa.
O nome Boucherie, de origem belga, vem do lado materno. Em criança eram frequentes as viagens a casa dos avós na Bélgica. Desses dias recorda “dois mundos totalmente diferentes”.
“Os meus avós já tinham um portão que abria com telecomando, televisão a cores e gelados de pauzinho em casa. Achava tudo aquilo espantoso! Nós aqui comíamos Tulicreme e lá já se comia Nutella”, conta.
Matilde Fieschi
Isto É Gozar Com Quem Trabalha
Leia também
A infância foi passada na rua com toda a “normalidade”: a jogar à bola e a comer nêsperas. Nos anos 80, o país vivia os dias quentes do pós-revolução, lembra apenas “as paredes todas pintadas e as ruas cheias de cartazes”, de resto “a vida era boa”. Em casa não se discutia muito política, mas com os pais assistiam às “discussões dos políticos na televisão e às noite eleitorais”.
“Os meus pais fazem parte daquele grupo de portugueses que levou o país para o meio, votariam PS, votariam Mário Soares”, admite.
Nunca votou à esquerda, nunca foi a comícios nem foi “jota”. Entrou para a Universidade no tempo em que os jovens lutavam contra o fim das propinas. Nunca foi a favor, e foi nessa altura que “apanhou” o “vírus anti-esquerda”.
“A extrema-esquerda não nos deixava ter aulas e eu queria ter aulas, queria aprender”, relata. E como reagiu aos colegas revolucionários? “Mandei-os à fava!”
Matilde Fieschi
A Agenda de Ricardo Salgado
Leia também
Com 21 anos já trabalhava como diretor de programas na rádio Marginal. A passagem para a televisão foi muito natural e assumiu o cargo de diretor dos Canais Temáticos da SIC, depois da passagem por uma revista do Grupo Impresa.
Na SIC Mulher fez o programa “Prazer dos Diabos” e em 2009 ficou conhecido do público com a participação no júri dos “Ídolos”.
“No programa tinha de ser exigente, fizemos aquilo muito bem, hoje nos concursos de música só se interessam se o miúdo tem cancro ou se o pai morreu, é um género, a mim isso não me interessa”, diz em tom crítico.
Matilde Fieschi
Matilde Fieschi
O Futuro do Futuro
Leia também
Pedro Boucherie Mendes é o convidado do novo episódio do Geração 70. Cada vez menos “politicamente vocal” – por “desinteresse” – o jornalista, escritor e diretor de Conteúdos Digitais de Entretenimento da SIC, fala sobre a infância, carreira e irritações. Reflete sobre a evolução do país 50 anos depois do 25 de Abril e reconhece que os portugueses “merecem uma medalha de ouro”.
O “Portugal democrático é uma história de grande sucesso”, afirma.
Nesta conversa com Bernardo Ferrão, olha ainda para a “nova forma” de fazer televisão e critica a falta de “realidade”. “A televisão acompanha uma tendência geral da sociedade de fingir que as dificuldades não existem e que o esforço não é necessário. Se hoje fosse jurado diria que toda a gente canta bem, claro.” Ouça aqui a entrevista.
Paulo Alves
Geração 70 não é um podcast de política ou de economia, nem de artes ou ciência. É uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam. Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão