O Alto Comissariado, que representa o Estado francês, decidiu também adiar o início do recolher obrigatório para as 20h00 a partir de segunda-feira, em comparação com as 18h00 atualmente em vigor.
A reabertura do aeroporto deve-se ao restabelecimento da circulação na principal artéria que liga o centro da capital, Numéa, ao aeroporto internacional de La Tontouta, há muito inacessível devido a numerosos bloqueios instalados por manifestantes independentistas.
As forças policiais têm vigiado regularmente a estrada há uma semana, desmantelando bloqueios e garantindo que não sejam reconstruídos.
Desde o encerramento do aeroporto, em 14 de maio, apenas foram realizados alguns voos, a maioria dos quais de repatriamento de turistas e cidadãos estrangeiros, nomeadamente para a Austrália e Nova Zelândia.
Apesar da redução do período de recolher obrigatório, implementado também desde 14 de maio, o Alto Comissariado recordou que vai continuar em vigor a proibição da venda de álcool e da venda ou transporte de armas de fogo.
Os alunos do ensino primário e secundário irão ainda regressar gradualmente às aulas a partir de segunda-feira dependendo das áreas e estabelecimentos.
Na quarta-feira, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou a suspensão do projeto de lei constitucional que alargaria o eleitorado da Nova Caledónia para “dar toda a força ao diálogo no terreno e ao regresso à ordem”.
O texto em questão devia ser adotado pelas duas câmaras do Parlamento francês em Congresso antes de 30 de junho, algo que se tornou impossível após Macron ter convocado eleições legislativas antecipadas.
O projeto de lei visava o alargamento do eleitorado na Nova Caledónia, congelado desde 2007, a todos os naturais e residentes há pelo menos 10 anos neste arquipélago francês do Pacífico Sul, para as eleições provinciais previstas para o final do ano.
A sua adoção deu origem a violentos tumultos no território insular, os piores desde a crise política dos anos 1980, que causaram nove mortos, centenas de feridos e danos consideráveis, de acordo com os últimos números divulgados pelas autoridades.
Os apoiantes da independência consideram que o alargamento pode beneficiar os políticos pró-França e “marginalizar ainda mais o povo indígena kanak”, que constitui 41% da população da Nova Caledónia e que há muito tenta sair do domínio francês.
Antes do anúncio de Macron, o campo pró-independência já tinha declarado o fim da controversa reforma eleitoral.
“Agora, o momento deve ser para a reconstrução da paz e de coesão social”, disse na quarta-feira o Partido de Libertação Kanak.