O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) lançou um curso destinado à capacitação de cuidadores informais. Após a publicação de um livro branco digital, é mais uma ferramenta que surge no âmbito do projeto europeu EducAGE – coordenado pela instituição –, cujo objetivo é o de melhorar as competências dos cuidadores dos mais velhos.
A formação apresenta uma metodologia híbrida: a componente online já está disponível gratuitamente para qualquer pessoa, mas há a possibilidade de acrescentar uma vertente presencial, que deverá começar ainda este mês, conta ao Expresso a professora responsável pela coordenação do projeto, Carolina Vila-Chã. Isto porque os cuidadores “sentem a necessidade de aprender um pouco mais, mas também de partilhar e conversar com os pares sobre as várias situações pelas quais estão a passar”, com “medo e receios” associados, relata a docente.
Assim, às aulas online com cerca de dez a 15 minutos, cujo acompanhamento é possível interromper e retomar de acordo com a disponibilidade de cada um, juntam-se sessões de discussão com formadores “sobre aquilo que aprenderam, que tipo de dicas é que estão a implementar, o que é que resultou ou não”. “Será um espaço de abertura e de conversa, em que os cuidadores podem exprimir aquilo que vão aplicando, as dúvidas e questões”, resume Carolina Vila-Chã.
Dean Mitchell
Com base nas recomendações do Programa de Atenção Integrada para a Pessoa Idosa da Organização Mundial da Saúde, focado na promoção do envelhecimento saudável, o curso está organizado em três módulos. O primeiro “assenta na prevenção do declínio funcional”, ou seja, perceber que estratégias é possível adotar ao nível da estimulação física e cognitiva, da nutrição ou da prevenção do “declínio dos sistemas sensoriais”, como a visão e a audição, para “atuar de forma precoce”.
O segundo módulo centra-se na “gestão das síndromes geriátricas”, onde se incluem questões como as quedas, úlceras por pressão ou incontinência urinária. Trata-se de informação que o cuidador “pode tomar conhecimento” para que, no dia a dia, “possa ajudar a melhorar a qualidade de vida” da pessoa de quem cuida.
O terceiro módulo foca-se nos próprios cuidadores, que “muitas vezes” esquecem a importância do autocuidado. O objetivo é “ajudar a tomar perceção da necessidade de se autocuidarem, para que possam estar melhor e prestar também um bom cuidado”, aponta a professora. “Se não estiverem bem, o processo torna-se mais difícil. É importante que as pessoas saibam ter tempo de descanso e reconhecer sinais e sintomas de stress ou até de exaustão”, acrescenta. O capítulo aborda ainda os apoios existentes, nomeadamente em relação ao estatuto do cuidador informal.
Uma vez que os tópicos são abordados de forma resumida, tendo em conta a “agenda muito ocupada” dos cuidadores, são também apresentadas diversas fontes externas que permitem aprofundar os temas, como documentos de referência de organizações das áreas da saúde e geriatria. Incluem-se também exercícios, por exemplo de respostas múltiplas ou preenchimento de espaços, para ir testando as aprendizagens. No total, a formação tem uma duração de 32 horas e meia, das quais sete horas e meia presenciais, e está disponível em cinco línguas: português, inglês, espanhol, checo e húngaro.
O EducAGE está neste momento a finalizar uma terceira ferramenta para cuidadores: depois do livro branco digital e do curso, a equipa prepara uma aplicação de telemóvel que visa uma aprendizagem “mais informal” sobre os mesmos temas, mas com “dicas rápidas” e “vídeos curtos”. Agora que o projeto se aproxima do fim, o objetivo é “divulgar ao máximo” e “disseminar os materiais” desenvolvidos, para “tentar chegar ao maior número de pessoas”.
Além do IPG, fazem parte do grupo o Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação (Bragança), o Centro de Cirugía de Mínima Invasión Jesús Usón (Espanha), a Faculdade de Medicina da Universidade Semmelweis Egyetem (Hungria) e as faculdades checas de Medicina da Universidade Karlova e de Informática e Gestão da Universidade Hradec Králové.