Federação Académica do Porto (FAP) inquiriu 738 estudantes do público, privado e concordatário e a larga maioria manifestou a intenção de votar nas eleições para o Parlamento Europeu de 9 de junho.
Um inquérito realizado pela Federação Académica do Porto (FAP) aos estudantes da sua área de circunscrição revela que 96% dos inquiridos pretendem exercer o direito de voto nas eleições europeias de 9 de junho.
Apesar da aparente elevada adesão ao ato cívico do próximo domingo, apenas 22% dos inquiridos afirmam acompanhar regularmente a atividade dos deputados portugueses eleitos para o Parlamento Europeu. Já sobre atividade que desenvolvem, 56% dizem acompanhar “apenas pontualmente” e 22% admitiram “não acompanhar”.
Ainda relativamente à participação eleitoral, aproximadamente 98% dos estudantes inquiridos declararam ter exercido o direito de voto nas eleições legislativas de 10 de março. E, quando questionados sobre se assistiram aos debates entre os líderes dos partidos políticos, 84% dos estudantes afirmaram ter visto mais do que um debate, sendo que apenas 10% responderam não ter assistido a qualquer frente a frente televisivo.
Da análise das respostas, é de referir que seis em cada 10 estudantes que não pretendem votar nas eleições europeias, não se identificam, ou sentem indiferença relativamente ao projeto europeu. No entanto, de entre o total de inquiridos, a esmagadora maioria, 80%, afirmam identificar-se com a União Europeia.
“Os resultados apurados neste inquérito contrariam a ideia de que os jovens não se interessam e que se abstém nos atos eleitorais, porque só cerca de 2% assumiram não ter votado nas eleições legislativas”, salienta Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto (FAP).
O Presidente da FAP destaca também “o elevado nível de participação que se perspetiva nas eleições europeias entre as gerações mais jovens, uma vez que 96% dos inquiridos declararam que vão votar.”
Quando questionados sobre quais os três tópicos aos quais associam o projeto europeu, a “livre circulação” foi a resposta mais frequente, escolhida por dois terços dos inquiridos. A “paz e estabilidade” e os “fundos europeus” foram selecionados por mais de um terço dos estudantes e, neste âmbito, destacam-se ainda o “progresso económico” e a “segurança e defesa”.
Uma fatia de 23% dos estudantes escolheram o “ambiente e sustentabilidade” como um dos tópicos que mais associam ao projeto europeu, colocando-o entre as duas prioridades que a União Europeia deve eleger para os próximos cinco anos. Ainda assim, questionados sobre o desempenho da União Europeia no combate às alterações climáticas, 52% atribuem uma avaliação “suficientemente boa” e 9% consideram “muito boa”. No entanto, na perspetiva de cerca de metade dos estudantes, corrigir a disparidade salarial no espaço europeu, deve constituir a principal prioridade na ação da União Europeia. Também o investimento em ciência e tecnologia e o apoio à
Ucrânia, também se encontram entre o lote de respostas mais comuns entre, pelo menos, um terço dos inquiridos.
“A geração 30, a que perdeu 30% poder de compra desde 2011 e sai de casa dos pais aos 30 anos, precisa mesmo de uma resposta não só nacional, mas também europeia. Não nos resignamos a viver pior que os nossos pais”, afirma o líder da FAP.
Embora as migrações não se encontrem entre os tópicos que os estudantes da Academia do Porto mais associam ao projeto europeu, cinco em cada 10 estudantes responderam que as “migrações e refugiados” são o principal desafio com o qual a União Europeia se vê confrontada. Entre os inquiridos, 19% entendem que a guerra na Ucrânia é a situação mais desafiadora e 16% encaram o crescimento do populismo como o maior desafio.
Face às crescentes ameaças à segurança europeia, os estudantes foram questionados sobre se a União Europeia deveria constituir um exército europeu, tendo sido registada uma divisão entre os inquiridos, com 36% a mostrarem-se favoráveis, 30% a responderem ser contra e 34% não sabem, ou preferem não responder. Porém, quando questionados sobre a reposição do serviço militar obrigatório, 75% dos estudantes afirmaram não concordar e apenas 12% expressaram apoio à medida, sendo que 13% não sabem, ou preferem não responder.
Metodologia
No âmbito deste inquérito foram inquiridos 738 estudantes inscritos em Instituições de Ensino Superior (IES) da Academia do Porto, tendo sido consideradas válidas 730 respostas. A média de idade dos inquiridos situa-se nos 20,4 anos e 58% são do género feminino. Entre os estudantes inquiridos, 66% estão matriculados em IES públicas, 22% estudam no Ensino Superior privado e 12% no subsistema concordatário. A maioria, 43%, são estudantes da Universidade do Porto, 21% do Instituto Politécnico do Porto e 12% da Universidade Católica. Os restantes 24% encontram-se distribuídos por diversas IES da área metropolitana do Porto. De entre o total de inquiridos, 78,5% encontram-se a frequentar o 1.º ciclo de estudos (licenciatura) e 29% são beneficiários de bolsa de estudo. A recolha de informação decorreu entre os dias 4 e 30 de maio e foi efetuada através da aplicação de um formulário digital, que foi respondido presencialmente na Queima das Fitas do Porto, e de forma online nos restantes dias, tendo sido utilizado um questionário estruturado, constituído, maioritariamente, por perguntas fechadas. Por se tratar de uma amostra aleatória, não é possível calcular a margem de erro estatístico.