Em Portugal existe uma máquina, no hospital Dona Estefânia, que tem apenas um outro exemplar na Península ibérica, em Espanha, que permite obter dados discriminados sobre a composição corporal dos bebés, massa gorda e magra, com o objetivo de estudar a eficiência de tratamentos, em bebés com problemas nutricionais e metabólicos. A utilização desta tecnologia, em conjunto com a análise do leite materno é um estudo, que pode ajudar a ter uma noção mais real da saude nutricional dos recém-nascidos e até mesmo dos fetos.
A alimentação dos bebés é um tema muitas vezes esquecido, mas que pode fazer toda a diferença a saúde a curto e longo prazo. Os bebés que nascem agora, que podem esperar viver até aos 100 anos, é a geração com a esperança média de vida mais alta de sempre e a alimentação pode potenciar uma vida longa e saudável, mesmo do nascimento:
“Se o bebé a nível intra-uterino sofreu fome vai criar mecanismos que o fazem sobreviver, hibernam, digamos assim. Aumentam a reserva de gordura, tentam colher o máximo de glicose e após o nascimento mantém estes mesmos mecanismo, chama-se a programação, que vai perdurar pela vida e na adolescência, até na idade adulta estão predispostos a vir a ter diabetes e obesidade”, explica o neonatologista Luís Pereira da Silva.
A desnutrição fetal está muitas vezes associada ao envelhecimento da placenta, que é detetado durante a gravidez e mitigado com medicamentos. No polo oposto, a sobrenutrição do feto também pode estar na origem deste tipo de problemas mas com diferentes mecanismo por detrás e ocorre sobretudo em mães com diabetes.
Após o nascimento, entre especialistas parece não haver dúvidas, o leite materno é a melhor opção para a saúde a curto e longo prazo, por ser o “alimento mais fisiológico, mais orgânico e mais natural que pode ser dado a uma bebé”, explica a nutricionista Mariana Abecasis, acrescentando que cada leite materno tem características diferentes uma vez que “variam de mulher para mulher e são adaptadas aquele bebé, às diferentes horas do dia e diferentes fases de crescimento.” O leite materno tem impacto na saúde a longo prazo, prevenindo alegrias, melhorando o desenvolvimento cognitivo, impedindo a hipertensão arterial.
Passados os desafios da amamentação, surgem outros diferentes que começam principalmente quando é introduzida a dita alimentação familiar e o bebé é exposto à alimentação dos pais, da escola e à publicidade. Em Portugal tem-se estudados a alimentação infantil e os dados de vários estudos mostram um consumo exagerado de açúcares, carnes vermelhas e alimentos processados o que contribuiu para que últimos dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge apontem para uma taxa de mais de 30% de crianças com excesso de peso e daí surgem vários problemas como hipertensão, dislipidémia e até certos tipos de cancro.
O neonatologista Luís Pereira da Silva defende um investimento na regulação “da publicidade, um investimento ao nível dos infantários com nutricionistas para orientarem a dieta e literacia para os cuidadores”.
A alimentação, a integração social, as condições de vida e o desenvolvimento da medicina têm impacto na longevidade, nos primeiros anos de vida. Numa geração que se estima que viva mais anos, os desafios estão agora em aumentar os anos de vida saudáveis.