A polícia belga efectuou buscas na residência de um funcionário do Parlamento Europeu e no seu gabinete no edifício do Parlamento em Bruxelas, devido a uma possível interferência russa, indicou, esta quarta-feira, o Ministério Público da Bélgica.
Os procuradores disseram em comunicado que o escritório do suspeito em Estrasburgo, onde se situa a sede do Parlamento Europeu em França, também foi revistado, noticiou a AP.
“As buscas fazem parte de um caso de ingerência, corrupção passiva e participação numa organização criminosa e estão relacionadas com indícios de ingerência russa, em que membros do Parlamento Europeu foram abordados e pagos para promover propaganda russa através do site de notícias Voz da Europa”, afirmaram os procuradores. Os procuradores afirmam acreditar que o funcionário desempenhou “um papel significativo neste processo”. Segundo a Reuters, ainda não foi identificada a pessoa em causa.
Eleições europeias como alvo
Os serviços secretos da Polónia e da República Checa descobriram, no final de Março, uma rede russa que, alegadamente, tinha o objectivo de influenciar os resultados das eleições europeias, que se realizam entre 6 e 9 de Junho.
A mesma rede, de acordo com a imprensa internacional, era responsável pelo funcionamento do site de notícias Voice of Europe, conhecido por “dar voz a políticos eurocépticos e espalhar narrativas pró-Rússia”, como explicou ao PÚBLICO, em Abril, Jan Fridrichovsky, editor-chefe da Demagog.cz, uma plataforma de fact-checking checa. Além deste site, a equipa por trás deste esquema terá pago a políticos europeus para espalharem narrativas pró-russas e organizado conferências e eventos para apoiar certos políticos de direita radical, apontam alguns jornais checos que seguiram o caso.
Numa carta enviada ao Conselho Europeu em Abril, e que foi divulgada nas redes sociais, o primeiro-ministro belga, Alexandre de Croo, e o seu homólogo checo, Peter Fiala, deram conta que tinham “descoberto uma rede de interferência pró-Rússia” a actuar no país. Os objectivos da rede passavam por “promover a cooperação entre políticos pró-Rússia dentro do Parlamento Europeu” e “ajudar a eleger mais candidatos pró-Rússia no Parlamento Europeu”.