Foi ainda na fase inicial do evento que Cristina Vaz Tomé fez a revelação da tarde. “Vamos alargar a dose elevada da vacina contra a gripe para pessoas com 85 ou mais anos. Até aqui eram dadas apenas às pessoas que estavam nos lares e agora vamos alargar. É a grande medida aqui anunciada”, disse – refira-se que a vacina standard é já ministrada gratuitamente a pessoas com 65 ou mais anos ou a doentes crónicos, mas a partir de agora as pessoas com 85 ou mais anos já podem tomar a vacina de dose elevada também de forma gratuita, o que só acontecia nos lares.
Uma revelação que acabou por dominar o encontro, que decorreu sob o lema “Proteção para além da gripe”, sabendo-se que a gripe tem grande impacto e todos os anos são precisas medidas para a sua prevenção, sobretudo junto das populações mais fragilizadas, como idosos ou doentes crónicos. O objetivo passa por reverter a mortalidade e morbilidade, e aliviar a pressão no serviço nacional de saúde – a gripe é responsável por 650 mil mortes por ano a nível mundial e responsável por milhões de hospitalizações.
Apesar dos números satisfatórios em Portugal (77 por cento da população com 65 ou mais anos é vacinada, sendo que a Organização Mundial de Saúde estabelece os 75 por cento como meta), conclui-se que ainda há caminho a trilhar.
A abertura dos trabalhos esteve a cargo de Ricardo Costa, diretor de informação da SIC, seguiu-se Helena Freitas, diretora geral Sanofi, e Cristina Vaz Tomé, secretária de Estado da Gestão da Saúde, seguindo-se o Flu Talks, que contou com intervenções de Gustavo Tato Borges, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (Gripe e Saúde Pública), Joana Louro, internista no hospital das Caldas da Rainha, ULS Oeste (Gripe e Diabetes), e Carlos Aguiar, cardiologista do Hospital de Santa Cruz, ULS Lisboa Ocidental (Gripe e Coração).
Na mesa 1 (Gripe – Sociedades Médicas unidas na Recomendação) estiveram, como oradores, António Morais (Sociedade Portuguesa de Pneumologia), este através de vídeo, Ana Rita Francisco (Sociedade Portuguesa de Cardiologia), Sofia Duque (Sociedade Portuguesa de Medicina Interna), Bruno Almeida (Sociedade Portuguesa de Diabetologia), Manuel Carrageta (Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia) e Joaquim Oliveira (Sociedade Portuguesa de Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica).
Já na mesa 2 (Gripe – O que nos diz a experiência em Portugal), com moderação de Carlos Robalo Cordeiro (diretor do Serviço de Pneumologia da ULS de Coimbra), estiveram Ema Paulino (presidente da Associação Nacional de Farmácias), Bruna Ornelas de Gouveia (Diretora Regional da Saúde da Região Autónoma da Madeira), Gonçalo Sarmento (internista na ULS Entre Douro e Vouga), Ricardo Mexia (médico de Saúde e Epidemiologista do INSA) e Sandra Cavaca (Serviços Partilhados do Ministério da Saúde).
Por fim, na mesa 3 (Gripe – Políticas de Saúde com aposta na Prevenção), com moderação de Miguel Arriaga (chefe da Divisão de Literacia, Saúde e Bem-Estar, na DGS), estiveram Ana Abrunhosa (presidente da Comissão Parlamentar de Saúde), Ana João Sepúlveda (presidente da Associação Age Friendly Portugal), Joana Viveiro (diretora Executiva da Plataforma Saúde em Diálogo), Filipe Froes (pneumologista no Hospital Pulido Valente, ULSSM), e Francisco George (presidente da Sociedade Portuguesa de Saúde Pública). O encerramento dos trabalhos esteve a cargo de André Peralta Santos (Subdiretor Geral da Saúde).
Conheça as principais conclusões da sessão:
Recomendações
- “Objetivo é que a vacina de dose elevada chegue às pessoas com 65 ou mais anos”, realçou António Morais.
- “Nós, os profissionais de saúde, somos um veículo de transmissão do vírus. Temos de ter consciência de que estamos juntos dos mais frágeis”, alegou Bruno Almeida, como que a alertar para a importância dos profissionais de saúde serem vacinados.
- “Houve um cansaço vacinal na pandemia e temos de lutar contra isso”, reforçou Joaquim Oliveira.
Experiência em Portugal
- A forma como se comunica e se faz chegar a mensagem às pessoas é absolutamente decisiva.
- Ricardo Mexia alertou para a necessidade de continuarem a ser tomadas medidas como “higienização das mãos, distanciamento ou máscara”. “Há espaço para investirmos nestas medidas, são importantes para controlar a infeção”, realçou.
- Foi dito e repetido: objetivo da vacina é que as pessoas não sejam internadas ou possam mesmo morrer (a vacina atenua os sintomas).
Prevenção
- “Num mundo ideal seria administrar dose elevada a pessoas com 65 ou mais anos e doentes crónicos”, declarou Ana Abrunhosa.
- “Estamos a dar um primeiro passo (dose elevada para pessoas com 85 ou mais anos) e o país bem precisa”, afirmou Francisco George, que destacou o investimento na prevenção como fundamental.
- “A cereja no topo do bolo era trazer uma fábrica de vacinas para Portugal. Fica o repto”, realçou Filipe Froes, defendendo que a confiança das pessoas na classe médica é fundamental.