No primeiro comício de campanha depois de o Presidente Joe Biden anunciar a desistência da corrida e a apoiar para que seja a candidata do Partido Democrata, Kamala Harris discursou nesta terça-feira perante uma plateia entusiasmada com o sublinhar das diferenças face ao candidato republicano, Donald Trump, e a visão que a vice-presidente tem para o país.
No ginásio de uma escola em Milwaukee, Harris começou por referir que “o caminho para a Casa Branca passa pelo Wisconsin”, estado norte-americano onde arrancou rumo às presidenciais marcadas para 5 de novembro e que pode ser decisivo nos resultados. Depois elogiou Biden, com quem viveu “uma das maiores honras” ao “servir como vice-presidente”. “O legado de conquistas de Joe ao longo de toda a sua carreira e nos últimos três anos e meio é inigualável na história moderna num só mandato. É uma grande honra para mim ter o apoio de Joe Biden nesta corrida”, vincou.
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Apesar de já contar com o apoio suficiente de delegados para ser nomeada candidata presidencial, Harris prometeu que, nas próximas semanas, continuará a esforçar-se para “unir o partido”, de forma a que os democratas estejam “prontos para vencer em novembro”. “Faltam 105 dias para o dia das eleições. Durante esse tempo, temos algum trabalho a fazer, mas não temos medo do trabalho árduo. Vamos ganhar estas eleições.”
À semelhança do discurso do dia anterior na sede de campanha em Wilmington, a vice-presidente procurou marcar a diferença entre o historial como procuradora-geral da Califórnia face aos problemas legais e condenações de Trump. “Enquanto procuradora, enfrentei criminosos de todos os tipos: predadores que abusavam de mulheres, vigaristas que roubavam consumidores, batoteiros que infringiam as regras para benefício próprio. Quando digo que conheço o género de Donald Trump, conheço mesmo”, sublinhou.
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Harris indicou que vai continuar a “comparar orgulhosamente” os currículos dos dois, exemplificando com a participação na responsabilização de “grandes bancos de Wall Street” por fraude, enquanto Trump “foi considerado culpado de fraude em 34 casos” e também “considerado responsável por ter cometido abusos sexuais”. Ainda assim, a campanha não é só sobre “nós contra Trump”. “É sobre aquilo que defendemos, por quem lutamos”, apontou. Recuperar as “liberdades reprodutivas” e apoiar a classe média fazem parte das promessas.
Para a vice-presidente, estão em causa “duas visões diferentes” para o país, uma “concentrada no futuro” e outra “centrada no passado”. “Acreditamos num futuro em que cada pessoa tem a oportunidade, não apenas de sobreviver, mas de progredir”, destacou. “Em última análise, nesta eleição, cada um de nós enfrenta uma questão: em que tipo de país queremos viver? Queremos viver num país de liberdade, compaixão e Estado de direito, ou num país de caos, medo e ódio? E aqui está a beleza deste momento, cada um de nós tem o poder de responder a essa pergunta. O poder está com as pessoas.”
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Outras notícias que marcaram o dia:
⇒ Kamala Harris recebeu dois apoios de peso nesta terça-feira: os dois principais democratas do Congresso – o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o líder da minoria na Câmara dos Representantes, Hakeem Jeffries – anunciaram que estão ao lado da vice-presidente.
⇒ Um dos principais angariadores de fundos democratas, que tinha apelado à desistência de Biden, também anunciou que apoia Harris: George Clooney diz que o Presidente “mostrou o que é a verdadeira liderança” e “está a salvar a democracia mais uma vez”. “Estamos todos muito entusiasmados por fazer tudo o que pudermos para apoiar a vice-presidente Harris na sua missão histórica”, declarou.
⇒ Uma sondagem da Reuters e Ipsos realizada nesta segunda e terça-feira mostra Harris com 44% e Trump ligeiramente atrás, com 42%. A margem de erro é de 3%. Na análise realizada há uma semana, nos dias 15 e 16 de julho, os dois surgiam empatados com 44%.
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⇒ A diretora dos Serviços Secretos, Kimberly Cheatle, demitiu-se depois de a agência ter sido alvo de forte escrutínio por não ter conseguido impedir a tentativa de assassinato que feriu Trump durante um comício de campanha na Pensilvânia. O subdiretor dos Serviços Secretos, Ronald Rowe, será o diretor interino.
⇒ Trump responsabilizou Biden e Harris por não o terem protegido “devidamente”. “Fui obrigado a levar um tiro pela democracia. Foi com grande honra que o fiz!”, escreveu na rede social Truth Social. O candidato republicano indicou numa outra publicação que irá encontrar-se em Mar-a-Lago com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na sexta-feira.
⇒ Biden já não tem sintomas de covid-19 e testou negativo, informou o médico Kevin O’Connor. O Presidente apareceu publicamente pela primeira vez desde que abandonou a corrida presidencial, ao embarcar em Delaware de regresso a Washington. Na quarta-feira fala ao país a partir da Casa Branca e na quinta-feira reúne-se com Benjamin Netanyahu.