Homens armados atacaram uma sinagoga, uma igreja ortodoxa e um posto da polícia em duas cidades da região russa do Daguestão, no norte do Cáucaso, este domingo, matando um padre ortodoxo e vários polícias, disse o governador da região.
“Este é um dia de tragédia para o Daguestão e para todo o país”, afirmou Sergei Melikov, num vídeo publicado na madrugada desta segunda-feira na aplicação de mensagens Telegram.
Melikov disse que mais de 15 polícias “foram vítimas” do que caracterizou como um “ataque terrorista”, mas não especificou quantos foram mortos e quantos ficaram feridos. A agência russa Interfax informou que pelo menos 15 polícias perderam a vida.
Os ataques simultâneos nas cidades de Makhachkala e Derbent ocorreram três meses depois de 145 pessoas terem sido mortas num ataque reivindicado pelo Estado Islâmico numa sala de concertos perto de Moscovo, o pior ataque terrorista da Rússia em anos.
Não houve qualquer reivindicação imediata de responsabilidade pelos ataques na volátil região do Cáucaso do Norte.
“Sabemos quem está por detrás da organização dos ataques terroristas e qual o objectivo que perseguem”, disse Melikov, sem revelar mais pormenores.
Os meios de comunicação social estatais russos referiram que entre os atacantes se encontravam dois filhos do governador de Sergokala, no centro do Daguestão, que tinham sido detidos.
Melikov disse que entre os mortos, para além dos agentes da polícia, havia vários civis, incluindo um padre ortodoxo que trabalhava em Derbent há mais de 40 anos. Um porta-voz da Igreja Ortodoxa Russa disse, no Telegram, que o padre, Nikolai Kotelnikov, foi “brutalmente assassinado”.
Seis dos atiradores foram abatidos à medida que os incidentes se desenrolavam, disse Melikov. As agências noticiosas estatais russas citaram o Comité Nacional Antiterrorista que disse que apenas cinco dos atiradores tinham sido mortos.
A Reuters não conseguiu verificar de forma independente os relatos sobre quantas pessoas ou atiradores foram mortos nos ataques.
Três dias de luto
Melikov declarou luto no Daguestão entre os dias 24 e 26 de Junho, com as bandeiras a meia haste e todos os eventos de entretenimento cancelados.
Na década de 2000, a região foi atingida por uma insurreição islamista com origem na vizinha Chechénia, tendo as forças de segurança russas tomado medidas agressivas para combater os extremistas na região.
Nos últimos anos, os ataques tornaram-se mais raros, com o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) a afirmar em 2017 que tinha derrotado a insurreição na região.
As agências noticiaram trocas de tiros no centro de Makhachkala e citaram o Ministério do Interior que terá dito que as saídas do porto do Mar Cáspio, onde vivem cerca de 600 mil pessoas, tinham sido fechadas porque os atacantes ainda em fuga poderiam tentar fugir da cidade.
A cerca de 125 km a sul de Makhachkala, homens armados atacaram uma sinagoga e uma igreja em Derbent, onde se situa uma antiga comunidade judaica e que é Património Mundial da UNESCO. As autoridades, citadas pelas agências de notícias, disseram que que tanto a sinagoga como a igreja estavam em chamas e que dois atacantes tinham sido mortos.
Os meios de comunicação russos citaram o apelo do presidente da Federação das Comunidades Judaicas do país para que as pessoas evitem reagir a “provocações”.
Em Israel, o Ministério dos Negócios Estrangeiros declarou que a sinagoga de Derbent tinha sido totalmente incendiada e que tinham sido disparados tiros contra uma segunda sinagoga em Makhachkala. O comunicado refere que se acredita que nenhum fiel estava dentro da sinagoga no momento do ataque.
As autoridades russas apontaram a existência de elementos militantes muçulmanos em incidentes anteriores na região.
Em Outubro, após o início da situação violenta em Gaza, manifestantes que envergavam bandeiras palestinianas partiram portas de vidro e percorreram o aeroporto de Makhachkala à procura de passageiros judeus num voo proveniente de Telavive.