A saúde das populações está a assumir um caráter cada vez mais global, transnacional e, ao mesmo tempo, local. A crise pandémica, associada à COVID-19, mostrou a relevância de se adotarem estratégias de saúde inclusivas e multissetoriais pondo em evidência a necessidade de respostas integradas, focadas nas pessoas, visando maximizar os resultados. A constatação crescente de que as questões de saúde têm um impacto transversal sobre os diversos aspetos da nossa vida social e económica mostra a necessidade de a saúde estar presente em todas as políticas públicas.
As mudanças demográficas e epidemiológicas associadas aos riscos emergentes de doenças transmissíveis globais apresentam novos desafios estratégicos, bem como a necessidade de uma nova abordagem sobre os modelos de resposta, tanto no que diz respeito à prevenção e gestão de riscos, quanto ao controle e monitorização de eventos inesperados e de difícil previsão.
A saúde está intimamente ligada à maneira como as questões ambientais, a mobilidade, a educação e a informação das pessoas, as condições de trabalho e de lazer, entre outras. A promoção de comunidades saudáveis depende da capacidade de integrar os diferentes níveis, resultantes da definição e implementação de políticas de saúde que se baseiam na proximidade, com um foco centralizado no cidadão.
A existência de comunidades locais fortes, com envolvimento e participação nas questões de saúde, é um fator crucial para o êxito das políticas públicas, contribuindo para a melhoria dos resultados em saúde e bem-estar das populações. O investimento em comunidades locais e o reforço das competências administrativas no campo da saúde contribuem para melhorar os resultados em nível nacional. A transformação do poder local requer uma maior independência e um maior nível de responsabilidades na construção de comunidades saudáveis. O planeamento e a gestão de recursos devem considerar as realidades locais para uma melhor adequação às necessidades e, consequentemente, uma maior eficiência no seu uso.
O caminho sinalizado pelos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS) será facilitado pelas políticas de proximidade, de incremento da literacia em saúde, dos cidadãos, bem como pelo impulso à participação cívica e à definição de compromissos individuais na adoção de comportamentos favoráveis à saúde. A integração das políticas promotoras de saúde, nos modelos de governação e de gestão local, contribuirá para uma melhoria das condições de vida com impacto muito significativo em meio urbano.
A redução das desigualdades poderá ser alcançada por meio de práticas de promoção da saúde e da inclusão com um forte investimento na capital humano, na capacitação individual e comunitária e na estruturação de modelos de intervenção de responsabilidade partilhada. Uma visão integradora das políticas, a nível local, favorecerá uma maior harmonia entre urbanismo e mobilidade, emprego e economia, educação, saúde e cultura.
A consolidação dos mecanismos que protegem a saúde, melhoram a qualidade de vida, monitorizam e controlam doenças transmissíveis, bem como a gestão da doença crónica e a enquadramento da transição demográfica requer uma aposta estratégica de proximidade apoiada em políticas integradas.
A crise pandémica reforçou a necessidade de cooperação e cooperação entre os países e os níveis de governança e administração. O desenvolvimento progressivo de ambientes urbanos saudáveis tornou-se uma das principais prioridades políticas em diferentes países. A participação das cidades e das comunidades locais na implementação das estratégias e das políticas de saúde tornará o crescimento social e económico mais sustentável.
A próxima década será marcada pela transição das políticas com foco na centralidade, participação ativa e responsabilidade partilhada. Nesse processo de mudança gradual, as políticas de proximidade definirão os novos modelos de governança no setor da saúde em termos globais e nacionais.