No início desta semana, Elon Musk disse, numa entrevista ao psicólogo, autor e orador conservador Jordan Peterson, que a filha, uma jovem mulher transgénero, “morreu” às mãos do “vírus da mente woke”. As aspas na palavra “morreu” cumprem dois propósitos: 1) é uma citação; 2) é um termo figurativo, porque a filha de Elon, Vivian Jenna Wilson, continua viva. Tão viva que decidiu responder ao pai, dizendo que ele foi um “pai ausente” e “cruel”, que a humilhava e repreendia por ser uma criança demasiado feminina.
Musk disse que foi “enganado” para concordar com o tratamento de redefinição de género, porque os médicos lhe disseram que a filha estava em risco de se suicidar. Sendo que a filha fez o tratamento e não se suicidou, é difícil perceber em que medida é que Elon Musk se sente enganado, a menos que esteja, na verdade, a referir-se ao filho que já não tem – foi, de resto, esse o nome que usou durante a entrevista – e que, na verdade, nunca teve, pelo menos do ponto de Vivian. O empresário multimilionário referiu-se, ainda, à cirurgia de redesignação de género como “mutilação e esterilização infantil”.
Musk acrescentou ainda que, depois deste acontecimento jurou “destruir o vírus da mente woke” garantindo que está a fazer “alguns progressos”, referindo-se, presumivelmente, à rede social Twitter, que comprou em 2022, e cujo nome está convencido de ter conseguido mudar para X de forma bem sucedida. 2022 foi também o ano em que a filha, Vivian Jenna, então com 18 anos, foi a tribunal para mudar legalmente de nome, aproveitando a deixa para retirar o apelido do pai, ficando apenas com o da mãe.
Numa entrevista telefónica à NBC News, Vivian Jenna Wilson, com 20 anos de idade, disse que o pai nunca a apoiou e que era uma presença rara, deixando-a, a ela e aos cinco irmãos, ao cuidado da mãe, Justine Wilson, ou de amas, apesar de ter custódia conjunta. Vivian acrescentou que o pai “era frio, irascível, distante e narcisista”.
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A jovem conta ainda que, em criança, Musk a assediava por ter traços femininos e que a pressionava para parecer mais masculina e para falar com voz mais grossa, isto quando ainda estava na primária. Algo que ilustra com o seguinte exemplo: “Estava no quarto ano quando fomos fazer uma road trip [termo inglês para viagem prolongada de carro] que era, na verdade, e sem que eu soubesse, um anúncio para um dos seus carros [Tesla], não me lembro qual, e ele estava constantemente a gritar comigo porque a minha voz era demasiado aguda. Foi cruel.”
A NBC News pediu a Elon Musk para comentar, mas o empresário declinou.