Em comunicado a que a agência Lusa teve acesso, a CT considera que “expectativa dos trabalhadores saiu completamente frustrada com a votação e com os argumentos apresentados no debate”.
A Comissão de Trabalhadores (CT) da TSF lamentou que não tenha existido um consenso parlamentar para que fosse viabilizada uma comissão parlamentar de inquérito com o foco na Global Media Group.
Em comunicado a que a agência Lusa teve acesso, a CT considera que “expectativa dos trabalhadores saiu completamente frustrada com a votação e com os argumentos apresentados no debate”.
“Mais ainda depois de todas as conversas e audições que os vários partidos foram tendo com os órgãos representativos dos trabalhadores da TSF”, lê-se no comunicado.
Para a CT da TSF, quando se argumenta de que o trabalho da comissão permanente neste caso não está esgotado, recorda que “as dúvidas levantadas foram ainda maiores depois de todo o processo de audições”.
“Quando se invocam argumentos de banalização do instrumento das comissões parlamentares de inquérito, os trabalhadores da TSF não podem deixar de considerar que os instrumentos existem para serem utilizados, sobretudo quando subsistem dúvidas acerca de ações das entidades públicas”, reforça a CT.
“’A democracia morre na escuridão’ é o mote do Washington Post, referência mundial do jornalismo. Pena que hoje, na Assembleia da República, alguns partidos não tenham ajudado a acender a luz. Do lado dos trabalhadores da TSF, fica a certeza de que continuaremos firmes e cobraremos, de todas as bancadas, as promessas deixadas de acompanhamento deste caso e da defesa de um jornalismo forte e independente”, conclui o comunicado.
As propostas do Bloco de Esquerda e do PAN para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito sobre o grupo Global Media foram hoje chumbadas em plenário, com votos contra de PSD, PS e CDS-PP.
A favor votaram BE, PAN, PCP e Iniciativa Liberal, enquanto o Chega se absteve.
As propostas para um inquérito parlamentar tinham como objeto a compra da Global Media Group (dono de títulos como Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, O Jogo) pelo World Opportunity Fund (com sede no paraíso fiscal Bahamas), os atos de gestão e a instabilidade gerada no grupo assim como a atuação da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).
Em setembro de 2023, o grupo WOF entrou na Global Media e, com a mudança de propriedade e a gestão executiva de João Paulo Fafe, o grupo entrou num período de grande instabilidade, com ordenados em atraso, processo de despedimentos e trocas de acusações entre acionistas.
A crise no grupo levou a manifestações públicas de preocupação, incluindo do Governo e Presidente da República e a ERC suspendeu, em março, os direitos de voto e patrimoniais do WOF no grupo Global Media.
Já antes, em fevereiro, foi feito um acordo para a compra de alguns títulos da Global Media por um grupo de investidores e empresários liderados por Diogo Freitas, aguardando-se a decisão dos reguladores.
Global Media e Páginas Civilizadas também são acionistas da agência Lusa, tendo na altura havido uma proposta do Governo PS para o Estado adquirir a totalidade da agência de notícias que não foi avante por o PSD não ter dado a concordância final (o PSD justificou por faltarem esclarecer aspetos do negócio).
As propostas da comissão de inquérito hoje chumbadas também tinham como objeto esclarecer o processo da Lusa.