O avião privado que transporta Julian Assange já aterrou na Austrália. A viagem de aproximadamente sete horas terminou pelas 19h38 locais (10h38 em Portugal continental) com a chegada ao aeroporto internacional de Camberra. O voo decorreu sem incidentes e o fundador do WikiLeaks está de volta ao país natal, quase 15 anos após revelar informação confidencial que apontava para crimes cometidos pelo Exército norte-americano no Iraque e no Afeganistão.
Horas antes da aterragem, dezenas de jornalistas esperavam já no local, na esperança de que o denunciante falasse à comunicação social. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, mostrou-se mais uma vez satisfeito com o feito do Governo, relembrando que foi a intervenção deste que permitiu pôr fim a um imbróglio judicial que se alargou a vários países.
“Quero agradecer aos Estados Unidos e ao Reino Unido pelos seus esforços em tornar isto possível. Enquanto primeiro-ministro, fui muito claro: independentemente do que acharem das actividades dele, o caso de Assange arrastou-se durante demasiado tempo. Defendi repetidamente a conclusão do caso de Julian Assange, estou feliz que esta saga tenha chegado ao fim”, afirmou o primeiro-ministro após a chegada do denunciante. “Não havia nada a ganhar com o prolongamento da detenção”, reforçou Anthony Albanese, revelando que vão existir reuniões nos próximos dias para definir o futuro do fundador do WikiLeaks no país.
Durante as sete horas de viagem, milhares de pessoas seguiram em tempo real o jacto privado que transportou Assange na conhecida plataforma Flight Radar 24. Antes de embarcar, o fundador do WikiLeaks apresentou-se perante o tribunal federal da ilha Saipan, no arquipélago das Ilhas Marianas do Norte, para se declarar culpado da acusação de ter violado a lei de espionagem dos EUA e, assim, cumprir o acordo que lhe devolveu a liberdade. Depois de sentenciado pela juíza, Assange recebeu de imediato autorização para seguir para casa, na Austrália.
Na última década e meia, Assange esteve sete anos em reclusão na Embaixada do Equador em Londres, local onde encontrou refúgio para evitar uma extradição para a Suécia, país onde era acusado de violação sexual. Nos últimos anos, foram os Estados Unidos a redobrar esforços para conseguir julgar Assange na Justiça norte-americana.
Acusado de 18 crimes de espionagem e de intrusão informática pela divulgação no portal WikiLeaks de documentos confidenciais, que expuseram violações de direitos humanos cometidas pelo Exército norte-americano no Médio Oriente, Assange viveu sempre com o receio de ser extraditado para os Estados Unidos.
Washington queria julgar Assange pela divulgação de mais de 700 mil documentos secretos e estava acusado pelas autoridades norte-americanas ao abrigo da Lei de Espionagem de 1917, enfrentando uma possível pena de até 175 anos de prisão.
A 20 de Maio, o Tribunal Superior de Londres tinha autorizado Assange a recorrer da ordem de extradição do Reino Unido para os Estados Unidos da América. Com a ajuda do Governo australiano, desenhou-se um acordo judicial que foi aceite pelo Presidente norte-americano, o democrata Joe Biden. Este entendimento permitiu a libertação de Assange, um dos denunciantes que maior apoio recolheu.