Uma líder que humilha publicamente não é uma boa líder. Uma líder que faz generalizações não lidera. Vamos a factos. A atual Ministra da Saúde não assume as suas responsabilidades e culpa os outros, com brutalidade, pelos males da sua incompetência. Uma violência verbal que em nada contribui para o bom ambiente clima político nem para a estabilidade do país. Quem está no Governo de forma minoritária devia ter como prioridade criar pontes e diálogo, mas, claramente, a estratégia não é essa. A direita no poder prefere exacerbar a sua natural pulsão totalitária e autoritária, em vez de pugnar pela humildade e pela promoção de consensos.
Errar é humano. Mas atacar os dirigentes da Administração Pública, quando o Ministério da Saúde apresentou erros nas escalas publicadas é, no mínimo, anedótico. Adulterar números dos doentes oncológicos é fazer política baixa com um tema muito delicado e onde, naturalmente, o tempo máximo de resposta de cirurgia não deve, não pode ser ultrapassado. Um único caso já seria de mais. Existem e não deviam existir. Mas aumentar os números com objetivos políticos não é aceitável. Esta postura da ministra da Saúde é muito infeliz. E maquilhar o encerramento de urgências e serviços é muito grave.
A atual titular da pasta da Saúde, Ana Paula Martins, foi nomeada pelo governo socialista, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2024, como Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte. Ao mencionar “lideranças fracas” nos Hospitais só pode estar a referir-se a si própria, certamente. Só uma liderança fraca levantaria tal questão na praça pública. E os 60 dias de Luís Montenegro estão muito longe de estar concretizados.
Uma Ministra que assumiu funções em modo de vingança com o processo com o Dr. Fernando Araújo, o diretor executivo do SNS saneado pelo atual governo, entrou com o pé esquerdo. Demonstra a sua impreparação para a gestão política dos temas e começa a ser um fardo para Luís Montenegro. Bem sabemos que muitos dos que atacaram Marta Temido ou Manuel Pizarro estão agora comprometidos com a sua gestão. E os exemplos são muitos, tal como as agendas conhecidas.
O Serviço Nacional de Saúde, idealizado e fundado por António Arnaut, é um valor fundamental da Democracia e da igualdade e uma das maiores conquistas e construções do Portugal democrático. Os profissionais de saúde são a chave do sucesso e, neste momento, vivemos um problema de escassez. O modelo económico da oferta e da procura demonstra bem que os profissionais disponíveis são os mesmos para os setores privado e público, com naturais e óbvias consequências. As dificuldades do SNS não vêm de hoje, nem do último Governo, são questões que se arrastam há muito tempo. Logo, as varinhas mágicas anunciadas não faziam sentido, eram apenas propaganda barata.
A forma como os dirigentes são humilhados e demitidos começa a ser uma marca deste governo. Da Saúde, à Misericórdia de Lisboa, da AICEP ao Instituto de Segurança Social, a estratégia é clara: fazer rolar cabeças. Mas podiam fazê-lo de uma forma respeitosa e sem humilhar quem serviu as políticas publicas e os portugueses. Humilhar é a arma de governantes fracos e sem força. É apenas uma forma lamentável de fazer política que não serve ao país, além de não construir as pontes necessárias.