O diagnóstico sobre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não é novo, mas teima em manter-se inalterado: falta autonomia para as unidades de prestação de cuidados, flexibilidade na gestão do sistema e incentivos que permitam alcançar melhores resultados. Ontem, o Governo apresentou um conjunto de medidas para endereçar alguns dos desafios e sublinhou, pela voz do primeiro-ministro, que “a base do nosso sistema de saúde é o SNS”. Entre as novidades, está a recuperação das USF tipo C que o anterior executivo deixou cair e que juntam os sectores social e privado. “Confesso que a criação das USF tipo C me parece uma boa medida que vai no sentido certo”, reconhece Pedro Simões Coelho.
O professor catedrático da Nova IMS e coordenador do estudo anual Índice de Sustentabilidade em Saúde explica que o SNS precisa de “trazer maior autonomia às unidades de saúde”, mas também de “encontrar mecanismos que permitam premiar” os profissionais que lá trabalham.
“Parece que o problema não é falta de despesa nem qualidade dos profissionais. Diria que o problema é sobretudo de organização do sistema”, afirma o especialista em dados que tem vindo, ao longo dos últimos dez anos, a medir o pulso ao SNS. O Índice de Sustentabilidade em Saúde, lançado em 2014 pela AbbVie com a Nova IMS, avalia o sistema público anualmente em quatro dimensões: atividade, despesa, qualidade de serviço e acesso. Por outro lado, é medido também o retorno económico do investimento no SNS. “É o retorno que o SNS tem para a economia por via da participação das pessoas no mercado de trabalho”, explica.
foi o número de ensaios clínicos autorizados pelo Infarmed no ano passado, o que representa um crescimento face aos 152 registados em 2022. Ainda assim, de acordo com dados do Infarmed compilados pela plataforma Portugal Clinical Trials, o tempo de resposta continua a ser elevado: 87 dias em 2022
Este ano, o estudo complementa a sua análise com a introdução da inovação por via dos ensaios clínicos realizados em Portugal. Os resultados desta edição só serão conhecidos na próxima terça-feira, dia 4, mas este é um tema que, ao longo dos anos, tem gerado críticas por parte da indústria farmacêutica, dos profissionais de saúde e dos doentes, que concordam com a lentidão na aprovação destas investigações. Aliás, segundo dados do Infarmed (a entidade responsável pela aprovação) compilados pela plataforma Portugal Clinical Trials, o tempo médio de resposta ao pedido para a realização de ensaios clínicos foi, em 2022, de 87 dias. Países como Espanha têm tempos de resposta mais curtos, o que permite aumentar a competitividade na atração de estudos clínicos internacionais.
Envolvimento dos doentes é crucial
Elsa Frazão Mateus, da EUPATI Portugal, acredita que tem havido “evolução” na forma como os doentes são auscultados pelos decisores e pelo sistema de saúde, mas diz também que esses avanços não têm acontecido à velocidade desejada. E é importante pôr em prática a velha máxima de ‘colocar o doente no centro do sistema de saúde’. “Quanto mais e melhor se conhecer as necessidades das pessoas em relação à situação de doença em que se encontram, melhor e mais cedo se consegue encontrar respostas inovadoras”, reforça.
“As associações que representam as pessoas com doenças começam cada vez mais a ser ouvidas e a serem chamadas para se pronunciarem em momentos determinantes. Mas como as necessidades são muitas, muitas vezes as respostas ficam aquém daquilo que desejaríamos”, afirma Elsa Frazão Mateus
Na perspetiva de Elsa Frazão Mateus, uma maior participação dos doentes nas decisões sobre a sua vida tem ainda importância ao nível de “uma melhor gestão de recursos” públicos e da diminuição do impacto na economia. “Quanto mais atempada for a intervenção, melhores serão os resultados e mais rapidamente a pessoa conseguirá retomar a normalidade na sua vida”, aponta.
O papel da inovação centrada nas pessoas será um dos temas em debate na conferência Sustentabilidade em Saúde, organizada pela AbbVie e a que o Expresso se associa como media partner. Conheça os detalhes abaixo.
O que é
A conferência Sustentabilidade em Saúde é uma iniciativa promovida pela AbbVie com a Nova IMS anualmente para a divulgação dos resultados do Índice de Sustentabilidade em Saúde. Este estudo pretende avaliar a atividade, despesa, qualidade de serviço e acesso ao SNS, mas também medir o impacto económico do investimento público nos cuidados de saúde.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, dia 4, a partir das 09h, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O evento será transmitido em direto na página de Facebook do Expresso
Quem são os oradores?
- Pedro Simões Coelho, professor da Nova IMS;
- Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro da Saúde;
- Eurico Castro Alves, médico;
- Rui Ivo, presidente do Infarmed;
- João Almeida Lopes, presidente da Apifarma;
- Maria do Carmo Fonseca, presidente do Instituto de Medicina Molecular;
- Elsa Frazão Mateus, presidente EUPATI Portugal;
- Lucie Perrin, diretora-geral da AbbVie.
Porque é que este evento é importante?
Além de apresentar os resultados do Índice de Sustentabilidade em Saúde, a conferência acontece poucos dias depois da divulgação das medidas do Governo para endereçar alguns dos principais desafios do SNS. Este tema será, certamente, debatido nas duas mesas-redondas que contarão com antigos decisores ligados ao sector, mas também atuais e representantes dos doentes e da comunidade de investigação científica. A inovação, e em particular os ensaios clínicos, será uma das questões centrais.
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