Taylor Swift teria seis anos quando Cherilyn Sarkisian La Piere, que aprendemos a conhecer e amar como Cher, deu uma entrevista à televisão, que amiúde ressurge nas redes sociais. Nessa conversa, e descrevendo a sua relação com o sexo oposto (“Gosto de homens, mas não preciso deles”), a cantora recordou um conselho que a mãe lhe dera: “Casa com um homem rico”, ter-lhe-á dito, certamente preocupada com o futuro da filha. “Mãe, eu sou um homem rico”, respondeu Cher, numa daquelas tiradas de inspiração e brevidade invejáveis. Lembramo-nos desse momento quando este sábado, nos primeiros minutos do longo segundo concerto de Taylor Swift no Estádio da Luz, a cantora-compositora, entertainer dos sete costados e heroína de milhões de crianças e adolescentes, tirou do chapéu a canção ‘Man’. Com o palco ocupado por um cenário de ambiente empresarial, e os incansáveis bailarinos dando corpo aos colegas de escritório, Miss Swift, uma das mulheres mais ricas do mundo, veste um blazer laranja cintilante e especula: “If I was the man/Then I’d be the man”. Mais tarde, no pequeno épico que é a versão de dez minutos de ‘All Too Well’, gritará “Fuck the patriarchy”, mensagem que parece merecer o apoio das vozes que ecoam na plateia: maioritariamente femininas, maioritariamente jovens. E damos por nós a pensar que algo de bom – além da música, naturalmente – sairá deste serão com Taylor Swift. Ao nosso lado, Sofia Lopes, de 13 anos, entoa todas as letras, filmando também boa parte da atuação. São oito da noite, ainda tem a carga toda.