A Worldcoin Foundation, empresa que recolhe dados da íris em troca de criptomoedas, quer “voltar à estrada” em Portugal, assim que a atual suspensão deixar de estar em vigor. Para isso, anunciou um novo sistema de segurança de dados sensíveis como prova de um esforço para cumprir as regras.
Trata-se de um sistema de computação multipartidária (SMPC), um forma encriptada de proteger os dados que, no fundo, divide o código da íris em diferentes partes, que estarão alocadas em diferentes servidores.
“As atualizações que temos apresentado recentemente como a apresentação do SMPC, a custódia pessoal, a verificação presencial de idade e a possibilidade de apagar a verificação do World ID através da eliminação permanente do código da íris são prova do nosso empenho”, começa por explicar Ricardo Macieira, Diretor Regional para a Europa da Tools for Humanity – empresa responsável pelo projeto – ao Expresso.
E acrescenta que quer “garantir que todos os indivíduos tenham a opção de escolha e controlo dos seus dados”.
Afirma ainda que a empresa tem estado comprometida no cumprimento das regras de proteção de dados em vigor, estando em colaboração com a BayLDA, a autoridade do controlo de dados a nível europeu, ao mesmo tempo que tenta ir ao encontro das exigências de organismos locais como a CNPD, em Portugal.
Macieira diz ainda que “o que foi anunciado eleva ainda mais a fasquia da tecnologia que está a ser utilizada para proteger dados sensíveis”, explicando que este modelo “permite pegar num ‘segredo’ e partilhar entre diferentes partes para aumentar ainda mais a proteção de dados. Nenhuma das partes individuais irá revelar informação sobre o segredo original, tornando assim impossível decifrar o conteúdo e sendo eficaz mesmo contra computação quântica”.
Depois de toda a controvérsia, a Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) decidiu suspender as operações da empresa em Portugal por um período de 90 dias. A empresa recolhia os dados biométricos dos portugueses principalmente em superfícies comerciais ou estações de transportes públicos, tendo duplicado o raio da sua atuação em pouco tempo. Antes, já Agência Espanhola de Proteção de Dados (AEPD) tinha suspendido a atuação da Worldcoin.
Agora, o objetivo da Worldcoin Foundation, de acordo com as declarações do responsável ao Expresso, é “retomar as operações após a pausa imposta pela CNPD”.
Em Portugal, a empresa tem 500 mil utilizadores verificados, o que significa que já recolheu os dados biométricos deste número de portugueses. O número aumenta para 800 mil se tivermos apenas em conta as pessoas que descarregaram a aplicação da empresa.
Na Europa, a empresa tem operações em Portugal, Espanha e Alemanha, estando suspensa nos países ibéricos. Está também presente na Argentina, Chile, Estados Unidos, Japão, México, Coreia do Sul e Singapura.
A Wolrdcoin Foundation foi fundada por Sam Altman, também fundador da OpenAI, um dos chatbots mais conhecidos do mundo – e financiado pela Microsoft.