José Fernandes
Nasceu em 1976, cresceu e viveu no Estoril. O pai foi artista gráfico e plástico e desenhava os autocolantes do PPD de José Pacheco Pereira. Em criança passava tardes nos centros de congressos do PCP. Foi através do partido que os pais se conheceram, numa associação de moradores.
Da infância recorda as longas viagens de carro que faziam “atrás do pai”, no mini vermelho da família. Foi assim que conheceu o país. As viagens eram longas, não havia autoestradas e “se calhar ainda bem!”, confessa.
É filho de comunistas, mas nunca foi pressionado a entrar no partido. Com 18 anos, em 1994, seguiu as pisadas dos pais e tornou-se militante do PCP – até hoje.
Gravação ao vivo do episódio especial do podcast “Que Voz é Esta?”, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
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As artes sempre estiveram na família e o avô bem que tentou impingir a arquitetura ao pai, mas sem sucesso. Foi a escolha do neto e está muito ligada ao pensamento comunista, ao “sonho de construção de uma sociedade igual”.
“Se não fosse arquiteto seria matemático”. Sempre que pensa no momento em que percebeu que queria ser arquiteto lembra-se do bloco de desenhos de “casas de luxo” de um colega de escola de quem até tinha “um certo medo”.
É uma profissão incerta. Já na faculdade os colegas comentavam que só queriam um atelier aos 50 anos. Trabalha muito para o Estado e confessa que os pagamentos são demorados. “Passo grande parte da minha vida nessa dor, fica difícil sustentar um escritório e as pessoas que trabalham comigo”, conta.
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Fez parte da equipa responsável pela reconstrução de casas em Pedrógão, depois dos incêndios, e recorda a “pressão” que teve para “despachar tudo” porque o “Presidente Marcelo queria inaugurar”. “O valor da arquitetura é sempre muito desqualificado”, confessa.
É também professor na Universidade de Lisboa e nos últimos anos tem sido muito crítico do peso que o turismo tem em Portugal. “Há sempre um receio de entrarmos numa turismofobia, mas as sociedades estão, todas elas, feitas e viradas para o turismo”, explica.
Acredita que a partir da habitação “podemos salvar a democracia”. Reconhece que é um problema que afeta muitos portugueses e recorda os tempos do cavaquismo e do PER, onde, acredita, que “foram construídas casas que estão agora a ser intervencionadas”.
“Habitação não é só o que está da porta de casa para dentro. Viver em comum é habitação e falhámos no desenho das cidades”, continua.
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Geração 70 não é um podcast de política ou de economia, nem de artes ou ciência. É uma conversa solta com os protagonistas de hoje que nasceram na década de 70. A geração que está aos comandos do país ou a caminho. Aqui falamos de expectativas e frustrações. De sonhos concretizados e dos que se perderam. Um retrato na primeira pessoa sobre a indelével passagem do tempo, uma viagem dos anos 70 até aos nossos dias conduzida por Bernardo Ferrão