O primeiro caso ocorreu na capital cubana em 2016, razão pela qual foi denominada “Síndrome de Havana”. Mas outros ataques, alegadamente recorrendo a “armas acústicas não letais”, foram relatados também em países como a China ou como a Austrália, mas igualmente na Europa, nomeadamente na Alemanha e na Áustria. Washington está igualmente nesta lista.
Os alvos seriam sempre, ou quase sempre, os mesmos: diplomatas e funcionários de embaixadas ou consulados norte-americanos.
Desde então, 2016, há centenas de relatos de ataques. Ou pelo menos há relatos de sintomas, descritos como “incidentes de saúde anormais”, resultando em enxaquecas fortes, tonturas ou náuseas, podendo alguns pacientes desenvolver “danos cerebrais” depois de ouvirem “sons muito agudos”.
Pese embora a Rússia tenha sempre negado qualquer envolvimento e a investigação dos serviços secretos norte-americanos, divulgada em 2023, tenha considerado “muito improvável” que estes supostos ataques tivessem “mão” russa, uma investigação conjunta do grupo Insider (situado em Riga, na Letónia, mas que há muito investiga a atuação do Kremlin), do programa 60 Minutes da norte-americana CBS e da revista alemã Der Spiegel, confirma que os serviços secretos militares russos, nomeadamente a GRU (considerada uma das principais agências de espionagem russa e alegadamente responsável pelo ataque ao espião Sergei Skripal no Reino Unido) e a sua unidade especial conhecida como 29155, terão colocado elementos em vários dos locais onde ocorreram incidentes.
Ainda segundo esta investigação jornalística, que demorou cerca de um ano a ser concluída e recorreu a documentos interceptados dos serviços secretos russos, altos quadros da Unidade 29155 receberam mesmo distinções e promoções por trabalhos relacionados com o desenvolvimento de “armas acústicas não letais”.
A investigação adianta igualmente que o primeiro caso de “Síndrome de Havana” não terá ocorrido, como se suporia, em Havana, em 2016, mas sim dois anos antes, em 2014, em Frankfurt, na Alemanha, altura em que um funcionário consular norte-americano “perdeu os sentidos” depois de ter sido “atingido por um feixe de energia”.
Ainda não há uma reação oficial dos EUA à investigação, e apesar de vir sempre a recusar o envolvimento russo, a verdade é que em 2021 o Congresso norte-americano aprovou a Lei de Havana, que permite indemnizar funcionários que foram afetados pela síndrome durante missões diplomáticas.