Ao 805.º dia de guerra, a Rússia voltou a fazer uma grande investida contra as infraestruturas energéticas da Ucrânia, tendo lançado mais de 70 ataques com mísseis e drones contra as centrais elétricas do país, um dos seus alvos prediletos desde o início do conflito. Segundo a DTEK, a maior empresa privada de eletricidade da Ucrânia, o ataque deixou os equipamentos de três centrais gravemente danificados.
A dimensão do ataque levou o chefe da diplomacia europeia a declarar que Kiev “precisa urgentemente de sistemas de defesa antiaérea adequados”. Numa publicação na rede social X, Josep Borrell reiterou que a questão será “uma prioridade” na próxima reunião do Conselho de Negócios Estrangeiros da UE.
Esta manhã, o Presidente da Ucrânia tornou a pedir apoio aos aliados do Ocidente, equiparando novamente a Rússia ao nazismo e apelando à criação de uma “Coligação Anti-Putin”.“Tal como em 1945, apenas um mundo livre e unido pode deter os nazis de Moscovo através de ações e não de palavras”, escreveu numa publicação no X.
Também esta quarta-feira, o Parlamento ucraniano aprovou a proposta de lei que permite que determinadas categorias de reclusos integrem o exército em troca de amnistia – medida que também tem sido usada por Moscovo, que já recrutou dezenas de milhares de reclusos para a linha da frente. Na Ucrânia, só os presos condenados a uma pena inferior a três anos, e que se voluntariem para ir para o campo de batalha, serão abrangidos pela nova lei.
Ucrânia poderá recrutar até 20 mil reclusos
A estratégia do governo ucraniano poderá integrar entre 15 a 20 mil reclusos nas suas forças armadas, segundo disse David Arakhamia, líder do partido de Zelensky, citado pelo jornal ‘Ukrainska Pravda’. A ratificação da medida surge numa altura em que a Ucrânia se vê a braços com grandes dificuldades no terreno devido à crescente escassez de soldados e armas.
Com as tensões em alta, no rescaldo das sucessivas declarações de Emmanuel Macron sobre a possibilidade, que considera legítima, de enviar tropas ocidentais para a Ucrânia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, tornou a avisar que a entrada de tropas da NATO no país seria “extremamente perigosa” para o desenrolar do conflito.
Um cenário que foi novamente descartado pelo secretário-geral da NATO, que se encontra em visita oficial a Itália e que garantiu, no encontro com a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni que “os ucranianos não pediram tropas da NATO, mas sim mais apoio”. Em declarações à agência noticiosa italiana ANSA, Jens Stoltenberg frisou que “a NATO não tem intenção de enviar forças [militares] para a Ucrânia”.