Renascido das cinzas: turismo rural em Odemira destruído pelos incêndios anuncia reabertura

“As memórias daquele dia ainda ardem na minha mente. Vi as chamas consumirem o trabalho de uma vida. Esse foi um dia que não afetou apenas o nosso projeto turístico, mas também os nossos vizinhos e amigos”. TEIMA sempre foi um lugar de família, em que os animais são especialmente acarinhados. O nome do alojamento e o símbolo são justamente a figura e o nome da primeira burra, que foi habitar este local, com a chegada de Luísa Botelho e família. “A desolação foi palpável, mas no meio do desespero, emergiu um raio de esperança incrivelmente poderoso: todos os nossos animais sobreviveram”. Os burros nunca falham no cumprimento da manhã à proprietária, as cabrinhas estão sempre prontas a interagir com os visitantes, e depois há os cães, “que são a alma deste lugar”, enaltece Luísa Botelho. Os patos desfilam pelo lago e os gatos que se enroscam nos cantos mais inesperados. “Todos estavam a salvo e foi a centelha que precisávamos para começar a pensar em reconstruir, não apenas as estruturas físicas, mas também o nosso espírito”.

Depois de um percurso árduo desde aquele fatídico dia de agosto, quando o incêndio devastador se abateu sobre este paraíso rural em São Teotónio que viu transformando o verde luxuriante em cinzas-negras, foi, e vai, decorrendo o processo de recuperação. “Tem sido moroso e exaustivo”. Nos dias seguintes ao incêndio, mal conseguiam imaginar como começar a reconstruir. “Cada passo parecia insuperável, mas não estávamos sozinhos, a solidariedade mostrada pelos nossos amigos, clientes e a comunidade local foi a força que nos impulsionou a seguir em frente e quero expressar minha gratidão eterna a cada um deles, sem o apoio emocional e prático de nossa rede, o renascimento da TEIMA seria muito mais difícil”.

“Os fornecedores não hesitaram em ajudar a encontrar o que era preciso” e a seguradora [Allianz] “agiu com uma eficiência e compreensão notáveis, assegurou que os aspetos financeiros da reconstrução fossem tratados com a maior celeridade”. O mesmo aconteceu com a Câmara Municipal de Odemira e a Junta de Freguesia de São Teotónio que “foram incansáveis no apoio, assim como o Turismo de Portugal, que nos ajudou a navegar pelos desafios burocráticos e a encontrar oportunidades de financiamento”. Mas é à equipa que Luísa Botelho confessa dever “o maior dos agradecimentos”: “Eles viveram este trauma comigo e com a minha família, e a sua lealdade e determinação foram além de qualquer expectativa, foram eles que mantiveram a Teima viva, mesmo quando tudo parecia perdido”.