Robert Fico, primeiro-ministro eslovaco, está fora de perigo, aponta a BBC, que cita declarações do vice-primeiro-ministro, Tomas Taraba. O chefe de governo foi vítima de um atentado esta quarta (15), tendo sido baleado cinco vezes.
“Felizmente, pelo que sei, a operação correu bem – e acho que, no fim, ele vai sobreviver. Não está em risco de vida neste momento”, apontou o governante, que é também ministro do Ambiente, citado pela agência Reuters.
De acordo com a mesma fonte, Fico foi atingido no estômago e numa articulação, enquanto o site Aktuality.sk dá conta de a operação ter corrido com sucesso e de o líder do executivo estar agora numa situação estável.
Ao fim da tarde, o ministro da Defesa, Robert Kalinak, apontou que o político tinha sofrido “um múltiplo traumatismo grave”, com vários ferimentos de bala, sendo apontado que o primeiro-ministro estava em risco de vida.
“Esta tentativa de homicídio foi motivada politicamente e a decisão do atacante foi tomada pouco depois das eleições presidenciais”, acredita Sutaj Estok, ministro do Interior. O ato eleitoral, realizado em abril, terminou com a vitória de Peter Pellegrini, aliado político do atual primeiro-ministro.
O ataque a tiro, no centro da cidade eslovaca de Handlova, a 150 quilómetros da capital, Bratislava, terá sido levado a cabo por um homem de 71 anos, aponta a imprensa local. Robert Fico estava a cumprimentar pessoas, no meio da rua, após ter conduzido uma reunião descentralizada do governo que lidera.
De acordo com a Reuters, que cita media eslovacos, o atirador é um ex-segurança de um centro comercial, autor de três coleções de poesia e membro da Sociedade Eslovaca de Escritores. Em declarações ao site Aktuality.sk, o filho deste homem confirmou que este é detentor de uma licença de porte de arma. “Não tinha nenhuma ideia do que o meu pai queria, do que planeava ou do que aconteceu”, sublinhou.
O ato já mereceu unânime condenação internacional, nomeadamente de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, chefe de Estado russo.
Líder pro-russo voltou ao poder no ano passado
Vencedor das eleições legislativas de outubro de 2023 com maioria relativa, Fico tem tido como central a sua proximidade ao regime russo, defendendo o fim do apoio europeu ao esforço de guerra ucraniano. Membro do partido Smer, economicamente posicionado no centro-esquerda, tem sido caraterizado como um populista, não escondendo a admiração pelo primeiro-ministro húngaro Viktor Órban.
Durante a crise da covid-19 foi anti-vacinas, e no último ano exprimiu opiniões contra a imigração de muçulmanos para a Eslováquia e contra o casamento e adoção por casais de pessoas do mesmo género, que considera “uma perversão”.
Robert Fico afirmou que “a Ucrânia não é um país independente e soberano” e que a única forma de terminar a invasão russa é ceder território à potência invasora, ao mesmo tempo que o Smer, bem como os parceiros do também social-democrata Hlas firmaram um acordo de governação com um partido de extrema-direita, o que levou à sua suspensão do Partido Socialista Europeu (PSE), no qual alinha o Partido Socialista português.
“Os recentes comentários públicos e as posições tomadas pelos líderes do Smer e do Hlas acerca da invasão russa na Ucrânia, migrações, estado de direito e comunidade LGBTQIA+ levantaram sérias preocupações e não têm lugar na família progressista”, apontou o grupo político, que é o segundo maior no Parlamento Europeu.
Esta já é a terceira vez que o político de 59 anos é responsável por liderar o governo eslovaco, depois de ter ocupado o cargo entre 2006 e 2010 e 2012 e 2018.
O final do segundo mandato ocorreu na sequência da crise política desencadeada pela morte do jornalista Ján Kuciak, o primeiro a ser assassinado desde a independência da Eslováquia. O repórter investigava vários casos de fraude fiscal que envolviam empresários próximos do partido do governo.
Na altura, os partidos da oposição acusaram o Smer de “envolvimento indireto” no homicídio de Kuciak e da sua noiva, e o presidente do país, Andrej Kiska, pediu ao governo uma “remodelação radical” ou eleições antecipadas.