Criado em 1974 como “CDS – Centro Democrático e Social”, três meses depois do 25 de Abril, o CDS é um partido fundador da democracia portuguesa e que ao longo dos últimos 50 anos teve vários presidentes e diferentes quadros dirigentes que muito deram ao partido e, sobretudo, ao País.
É o partido que ao longo das últimas cinco décadas ocupou o espaço político do centro-direita e da direita democrática em Portugal, tendo sempre rejeitado todas as formas de populismo e totalitarismo.
Ao longo do último meio século, o CDS, numa perspetiva não confessional e inclusiva, foi inspirado fundamentalmente pelos valores dos partidos democratas cristãos do pós-guerra. A defesa da paz, a dignidade da pessoa humana, a defesa da iniciativa privada, o respeito pela vida, a defesa de um Estado Social que apoia quem mais precisa, ou a proteção da propriedade privada, fazem parte do código genético do CDS.
Nestes 50 anos, o CDS foi muitas vezes a votos sozinho, mas também foi protagonista em várias coligações. Houve coligações que foram feitas em momentos muito relevantes e que marcaram profundamente o País.
A relação do CDS com o PSD é histórica e bem-sucedida. Se fizermos uma análise comparada das diferentes eleições em que concorremos juntos, verificamos que o saldo é muito positivo. A história demonstra que os dois partidos quando estão em coligação não têm uma lógica competitiva. Tentam somar energias, escolher os quadros mais competentes e encontrar as melhores soluções para Portugal.
O CDS é um partido que mostrou ao longo da História uma combatividade assertiva sempre que esteve na oposição e uma grande lealdade quando integrou a governação.
Ao longo dos últimos 50 anos foi várias vezes profetizada a “morte do CDS”, é um facto indesmentível, mas sempre que isso aconteceu o CDS soube encontrar novamente o seu espaço de afirmação.
Neste último fim de semana, o Congresso do CDS revelou, mais uma vez, que é possível aliar a experiência política de alguns dos seus quadros e uma efetiva renovação com novos protagonistas que têm diferentes idades e competências.
E, como bem lembrou Cecília Meireles, na história do CDS, Nuno Melo foi o primeiro presidente a liderar o partido sem um Grupo Parlamentar. Foi uma situação atípica muito exigente num quadro de grandes dificuldades de gestão política, menos capacidade financeira, menos cobertura da comunicação social, e menos representatividade institucional em diferentes fóruns.
É inegável que foi muito difícil para Nuno Melo e para a sua equipa mais próxima ter chegado até aqui, mas não tenho nenhuma dúvida que os desafios que se impõem ao CDS são agora também muito exigentes.
Hoje, o CDS tem três membros do Governo, dois deputados no Parlamento, largas centenas de autarcas espalhados pelo país e muitos eleitos nas Regiões Autónomas. É com esta base que o CDS conta para executar a estratégia que foi aprovada no último conclave e que tem como ambição o crescimento nos próximos anos.
A pergunta que se impõe é a seguinte: o que esperar do CDS nos próximos 50 anos?
A resposta direta e concisa é que os próximos 50 anos devem ser o espelho de ação política que tem como referencial a nova “Declaração de Princípios do CDS” para o século XXI. O texto, atualizado 50 anos depois da fundação do partido e agora aprovado, resulta do trabalho competente de uma equipa liderada por António Lobo Xavier.
Tendo em conta a instabilidade no contexto internacional que vivemos, o CDS deve defender o reforço do compromisso de Portugal com a Lusofonia, a Aliança Atlântica e com a Europa.
Também já todos percebemos que vivemos tempos em que será necessário denunciar os populismos dos extremistas de esquerda e de direita que pretendem fomentar o caos, dividindo a sociedade e espalhando a mentira.
Na minha opinião, e sem dogmatismos, em caso algum o CDS deve abandonar a defesa intransigente da família, enquanto estrutura fundacional da sociedade que agrega um conjunto de princípios e de valores que devemos promover e preservar.
O CDS – assim como o país – terá de lidar com os novos desafios do mundo digital, da ciência e da transição energética.
Em suma, tal como aconteceu com a anterior “Declaração de Princípios” do CDS, esta nova versão (que é publica) tem os alicerces para as propostas políticas do partido nas próximas décadas, permitindo que o CDS possa encontrar sempre a resposta correta perante os desafios que tem pela frente.