Tem nome de telemóvel, mas este novo carro elétrico chinês pode vir a dar cartas no cada vez mais concorrido mercado mundial de mobilidade elétrica.
A Xiaomi, conhecida por fabricar telemóveis, revelou hoje o Xiaomi SU7, um sedan com dois modelos: o SU7 com tração traseira; o SU7 Max motor-dual e tração às quatro rodas com 800 km de autonomia e vai dos 0 aos 100 km em 2,78 segundos.
O preço no mercado chinês vai situar-se entre os 216 mil a 300 mil yuan (29,8 mil a 41,4 mil dólares).
“Nos três anos em que desenvolvemos este carro, a minha maior revelação foi que fabricar automóveis é extremamente difícil. Até um gigante como a Apple desistiu. As pessoas que continuam a produzir automóveis são heróis do nosso tempo”, disse o CEO da Xiaomi Lei Jun esta quinta-feira em Pequim, citado pela “Reuters, que em 2021 anunciou que iria investir 10 mil milhões de dólares no seu negócio automóvel.
O modelo de gama base é o SU7 cujo preço arranca nos 216 mil yuan, com as versões Pro e Max a custarem 246 mil yuan e 300 mil yuan. Os preços contrastam com o do Tesla Model 3 cujo preço inicial é de 246 mil yuan, contra os 270 mil e 210 yuans dos modelos 001 e 007 da Zeekr.
As entregas para os modelos Standard e Max arrancam no final de abril, com os modelos Pro a chegarem no final de maio. Para já, o plano é vender estes modelos apenas no mercado chinês, o maior a nível mundial.
Conhecida dos chineses por fabricar telemóveis, mas também purificadores do ar, cozedores de arroz e outros equipamentos eletrónicos, fica a dúvida: Podem os consumidores chineses “dar o salto psicológico de produtos de massa, engraçados e baratos para veículos elétricos premium?”, questiona Tu Le da consultora Sino Auto Insights.
“Se a Xiaomi não atingir escala num curto prazo, está a enfrentar o risco de isto vir a pesar nos seus lucros por um longo tempo. Um dos riscos é que se foquem muito no mercado automóvel e percam o foco dos sectores e produtos onde tiveram sucesso”, acrescentou.
Mas o mercado chinês de carros elétricos é extremamente competitivo, sendo também o maior a nível mundial. Existem atualmente mais de 200 grandes marcas a produzir carros 100% elétricos e híbridos plug-in (incluindo a BYD ou a MG já presentes no mercado português) provocando uma guerra de preços para aumentar a quota de mercado, levando as margens de lucro média a recuar para 5% em 2023, segundo a “CNN”.
“A gama entre os 200 mil a 250 mil yuan é o segmento mais competitivo de carros elétricos na China neste momento”, segundo o analista da Jefferies Johnson Wan, citado pela “Bloomberg”.
Por sua vez, Ernan Cui analista da Gavekal Dragonomics salienta que o “atual ambiente de mercado é muito desafiante para os recém-chegados com as 10 maiores marcas a expandirem continuamente a sua quota”.
Uma análise da Bernstein a 12 empresas chinesas produtoras de veículos elétricos colocou a Xiaomi em terceiro no ranking de empresas com mais cash disponível e equivalentes, apenas superada pela Huawei e a SAIC, e à frente da BYD ou a Xpeng.
“O mercado elétrico chinês é muito maduro e cria um ecossistema muito estável aos produtores de carros elétricos. Por exemplo, a cadeia de abastecimento de baterias é muito forte e a rede de carregamento do país também está a crescer para alimentar a crescente onda de elétricos”, afirmou Abhishek Murali da Rystad Energy, citado pela “BBC”.
As vendas da Xiaomi no mercado global de smartphones atingiram 13% a nível mundial no último trimestre de 2023, sendo a quinta marca mais vendida na China no ano passado.
Uma das vantagens da companhia é o seu conhecimento do mundo dos smartphones para produzir carros inteligentes, algo muito apreciado pelos consumidores chineses. O seu sistema operativo Hyper OS vai ligar os veículos aos outros aparelhos da marca como os smartphones.