“É melhor do que se esperava”, refere Marques Mendes sobre o novo Governo. No espaço de comentário semanal, Marques Mendes refere que há quatro linhas de surpresa no Governo apresentado esta semana por Luís Montenegro. “Este é um Governo que surpreende”, começa.
Primeiramente, “na forma como Luís Montenegro conduziu este processo: com grande segredo”. Para o comentador, o facto de não se ter conhecido a lista de ministros antes da sua apresentação, demonstra “profissionalismo”.
O “perfil dos ministros” é o segundo destaque para a lista de surpresas de Marques Mendes. “Há uma conciliação feliz entre experiência e novidade”. Além disso, o “número de independentes” e a “sua qualidade” ajudam no fator surpresa.
Já a terceira surpresa é no “núcleo político, isto é, no centro do Governo há ministros mais políticos”. A seu ver isso é “importante” porque “quando um centro político de um Governo funciona bem o seu Governo de modo geral também”, acabando por realçar a coesão deste Governo face “ao desgaste” dos oito anos de governação socialista.
Em quarto lugar, Luís Marques Mendes refere que analisando as escolhas dos ministros para as “pastas chaves” este é um “Governo com a preocupação de um trabalho intensivo”, ou seja, “em poucos meses vai se produzir muito”. Para o comentador, o “efeito surpresa é mérito de Luís Montenegro”.
Marques Mendes refere, ainda, que “dadas as circunstâncias” —, isto é, ser “um Governo minoritário” e que se prevê que seja de “curta duração” — o Executivo é “bem melhor do que se esperava”. O comentador alerta, ainda, que estas circunstâncias tornam os primeiros meses de governação fundamentais. “Ou nos primeiros dois três meses cria uma boa impressão e até pode durar ou não cria uma primeira boa impressão e corre o risco de cair em novembro com o Orçamento”.
O comentador realça a qualidade de Montenegro “saber gerir expectativas”, insinuando que o futuro primeiro-ministro tem “baixado propositadamente as expectativas e depois superá-las”, acrescentado que esta qualidade “é uma arte”.
Há, no entanto, um “grande desafio” para os 17 ministros: ”conseguir vencer a previsão de que o Governo acaba no final do ano”. Ainda assim, Marques Mendes considera que Montenegro “começou com o pé direito”. Para o comentador há três fatores neste “desafio”: a performance governativa, o vencedor das eleições europeias e “o estado da oposição”.
Quanto à relação com o partido Chega, Marques Mendes defende que a preocupação deve estar focada em “resolver os problemas que deram origem a este crescimento”, uma vez que este é um partido que cresceu por causa dos “problemas na habitação, na saúde e na educação”.