A inteligência artificial (IA) chegou em força à área da energia e infraestruturas e o impacto das capacidades proporcionadas pelas ferramentas preditivas na gestão de projetos de construção ou na alocação de recursos energéticos fazem já parte do quotidiano do sector, por exemplo. O potencial de aumentar a eficiência e proporcionar uma nova experiência ao consumidor num campo tão transversal é reconhecida, mas também levanta questões quanto ao que implica.
Veja-se como nos arriscamos a “que o aumento do consumo de eletricidade dos centros de dados não seja acompanhado pelo aumento da capacidade de produção e transporte de eletricidade fazendo degradar a qualidade do abastecimento para níveis inaceitáveis”, aponta o consultor António Vidigal. Por outro lado, “permitirá aumentar muito o desempenho dos sistemas, aumentando a eficiência em reduzindo o investimento em infraestruturas caras”. Um “problema e solução” ao mesmo tempo.
é a percentagem de energia que a gestão dos edifícios representa em Portugal, segundo dados da Direção-Geral da Energia e Geologia. Mais de 50% deste consumo pode ser reduzido através de medidas de eficiência energética, com a IA a poder desempenhar um papel relevante
São alguns dos tópicos que estarão em discussão na segunda de cinco sessões do projeto “Impacto da Inteligência Artificial”, em que o Expresso é media partner da EY Portugal para perceber o impacto desta transformação em vários sectores. Desta feita o foco estará no sector da energia e infraestruturas, com o COO da Floene, Miguel Faria, a lembrar que “o sector da energia é, atualmente, um dos mais dinâmicos do mercado. Também por esta razão, é um campo onde surgem cada vez mais soluções de IA especialmente dedicadas à operação ao longo da cadeia de valor”, como é o caso “da operação a monitorização inteligente de uma parte da rede de gás” da empresa.
“A curto-prazo, a inteligência artificial será essencial, por um lado, para melhorar a experiência das pessoas – por exemplo, através da criação de conteúdos customizados que se adaptem às competências e estilo de aprendizagem de cada um de nós – e, por outro, na excelência das operações, indo à raiz de um dado desafio e conduzindo-nos ao melhor resultado”, resume o partner da EY Portugal, José Roque.
Para o CEO das Infraestruturas de Portugal, Miguel Cruz, é possível “ver o impacto em várias perspetivas” tal como na mobilidade, onde “a inteligência artificial pode trazer níveis de otimização, redução de congestionamentos e uma melhor preparação dos utilizadores”, além de permitir aumentar a “eficiência de monitorização em tempo real e em termos de condições preditivas”. Sem esquecer “questões muito sensíveis em termos de governação” que vão desde a “transparência dos algoritmos” à “dependência tecnológica”.
“A IA é um tema novo, sendo importante, para já, perceber de que forma evoluirá e onde poderá vir a acrescentar mais valor. Como noutros temas, a legislação e a regulamentação deverão surgir como suporte a esta evolução”, lembra o membro do Conselho de Administração da E-REDES, João Martins Carvalho, com a certeza que o “advento da Inteligência artificial constitui uma oportunidade de potenciar os benefícios dessa digitalização e utilizá-la ao serviço da transição energética”.
Benefícios que implicam colaboração entre vários agentes, com o administrador executivo da REN, João Conceição, a dar como “exemplos na área da investigação e de desenvolvimento a exploração do potencial da IA recorrendo a parcerias com empresas de tecnologia, universidades e centros de investigação para desenvolver sistemas e algoritmos avançados, plataformas de análise de dados de elevada dimensão e sistemas de IA específicos para o sector da energia”.
“A tecnologia está sempre um passo à frente do que estamos a fazer, é um grande desafio”, acredita Miguel Cruz
Hélio Jesus, responsável por tecnologia e inovação na Siemens Portugal garante que “os consumidores estão a beneficiar das soluções baseadas em inteligência artificial, como os sistemas de gestão de energia em casa, que lhes permitem monitorizar e controlar o seu consumo de energia de forma mais eficiente”. Em contrapartida, estão igualmente “a exigir maior transparência e responsabilidade às empresas de energia no uso da IA, especialmente no que diz respeito à proteção dos seus dados pessoais.
“Falamos muito nas possibilidades futuras da inteligência artificial, mas os caminhos que vamos efetivamente seguir podem até ser diferentes das nossas expectativas”, avisa a CTO da Brisa, Marta Sousa Uva, que reforça que “a regulação demora sempre a chegar face à velocidade de utilização e de adoção”. Porém, “a sociedade civil tem dado provas de estar atenta e tem pressionado os governos a tomar medidas”.
Consulte a ficha do evento.
O que é?
O Expresso e a EY, reúnem os maiores especialistas e empresas para discutir a evolução e o impacto da inteligência artificial nas pessoas, organizações e sociedade. Neste segundo encontro, o tópico será o impacto da IA na energia e infraestruturas.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, 9 de abril, no edifício Impresa, a partir das 15h.
Quem vai estar presente?
- Ricardo Costa, diretor-geral de informação da Impresa
- José Roque, Partner, partner e energy segment lead da EY Portugal
- António Vidigal, consultor
- Hélio Jesus, responsável por Tecnologia e Inovação na Siemens Portugal
- João Martins de Carvalho, membro do Conselho de Administração da E-REDES
- João Conceição, administrador executivo da REN
- Jorge Afonso, CDAO (Chief Data and Analytics Officer) da GALP
- Marta Sousa Uva, CTO do Grupo Brisa
- Miguel Faria, COO da Floene
- Miguel Cruz, CEO da Infraestruturas de Portugal
Porque é que este encontro é central?
Porque o sector da energia e infraestruturas é absolutamente crucial para a economia e a forma como a inteligência artificial se impõe na gestão de recursos, com os riscos e oportunidades que isso implica, pode servir de exemplo (ou aviso) para várias outras áreas.
Onde posso seguir?
No Facebook do Expresso. A transmissão será feita a 10 de abril, às 10h.