Passaram-se duas semanas e o movimento estudantil nas universidades norte-americanas contra a ofensiva israelita na Faixa de Gaza continua. Mais de duas mil pessoas foram já presas e a confrontação entre manifestantes e autoridades tem escalado.
Quais os motivos do protesto? As manifestações têm realmente sido violentas? E apenas a meses das eleições presidenciais que voltam a deixar frente a frente Joe Biden a Donald Trump, como se posicionam os candidatos? Respondemos a todas as perguntas neste artigo.
Mas fica uma breve pista em relação à última: Trump apelida estes manifestantes de “lunáticos da esquerda radical” e Biden diz que “não existe o direito de causarem o caos”.
Certo é que o movimento estudantil se internacionalizou. Do Canadá à Austrália, passando pela Europa (mas ainda não em Portugal), estudantes de vários países têm aderido à contestação.
Em França, as principais instalações da parisiense Sciences Po permaneceram esta sexta-feira encerradas, uma vez que a polícia francesa procurou retirar dezenas de ativistas que ocuparam as instalações da escola na véspera.
Por sua vez, na Alemanha a polícia retirou também manifestantes pró-palestinianos (cerca de 300 pessoas) reunidos em frente da Universidade Humboldt, em Berlim.
Ainda na Europa, mas na Suíça, uma centena de estudantes ocuparam ao final da tarde de quinta-feira o hall de entrada do edifício Geopolis da Universidade de Lausanne, exigindo um boicote académico às instituições israelitas.
Soube-se esta sexta-feira que Dror Or, refém israelita de nacionalidade portuguesa detido na Faixa de Gaza desde os ataques do Hamas de 7 de outubro, morreu. O anuncio veio da própria família e mais tarde foi confirmado pelas autoridades de Israel.
Dror Or tinha 49 anos. A mulher foi morta no ataque, enquanto dois dos seus três filhos, de 17 e 13 anos, foram raptados e depois libertados, em novembro, no âmbito de um acordo de tréguas entre Israel e o Hamas.
O Governo português declarou que “lamenta muito” a morte do cidadão luso-israelita, mas diz não ter acesso a mais nenhuma informação (o corpo permanece retido em Gaza) porque a vítima foi tratada “como um israelita”.
Ainda nesta sexta-feira, um dirigente do Hamas, Hossam Badran, acusou o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu de impedir os esforços para qualquer trégua devido às suas declarações aos jornalistas.
Enquanto os mediadores (Egito, Qatar e Estados Unidos) da proposta de tréguas feita no final de abril aguardam uma resposta, Badran reitera que, apesar do “espírito positivo” com que o Hamas encarou essa proposta, as recentes declarações públicas de Netanyahu (em que reiterou a sua intenção de levar a cabo uma ofensiva terrestre em Rafah, no sul da Faixa de Gaza) “têm claramente como objetivo destruir qualquer possibilidade de acordo”.
“Netanyahu tem sido um elemento obstrucionista em todas as rondas anteriores de negociação. Ele frustra os esforços em curso”, afirmou Badran.
Outras notícias
⇒ Num comunicado por ocasião do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que “demasiados jornalistas, na sua maioria palestinianos”, morreram na guerra em Gaza. “O ano de 2023 foi um dos anos mais mortíferos para os jornalistas nos últimos anos”, referiu também, prometendo tomar medidas em resposta à repressão à liberdade de imprensa, “incluindo sanções e proibições de vistos contra aqueles que cometem abusos”.
⇒ O Governo colombiano notificou oficialmente Israel sobre a rotura das relações diplomáticas. O Presidente Gustavo Petro, um declarado apoiante da causa palestiniana, aponta razões e mesmo nomes: “Israel tem um governo e um Presidente genocidas”.
⇒ No dia em que o Governo israelita ordenou a redução de todos os laços económicos da Turquia com Gaza, cinco organizações não-governamentais (que levaram Israel ao Supremo Tribunal para exigir que facilite o acesso de ajuda humanitária à Faixa de Gaza) consideraram “infundadas” as alegações do Governo de que “vai além das suas obrigações” nesta matéria.
⇒ Por fim, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, alertou que uma ofensiva terrestre do exército israelita na cidade de Rafah ”pode conduzir a um banho de sangue”. “A OMS está profundamente preocupada”, declarou.