A Alphabet, empresa-mãe do Google, demonstrou esta terça-feira como está a integrar inteligência artificial (IA) nos seus serviços, apresentando uma nova versão do chatbot Gemini e melhorias do seu motor de busca, numa altura em que luta para competir com os novos rivais da área da IA.
Desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI, apoiado pela Microsoft, em 2022, que impressionou consumidores e analistas, a Google tem redobrado esforços para conservar o seu estatuto de líder no sector dos motores de busca e na IA.
Entre as mais recentes novidades da gigante tecnológica, apresentadas esta terça-feira, está uma nova versão do Gemini, a 1.5 Flash, mais rápida e eficiente; o modelo de IA Project Astra, capaz de conversar em tempo real com os seus utilizadores sobre qualquer imagem gravada com a câmara dos seus telemóveis; e a integração de inteligência artificial no seu motor de busca para agregar informação por categorias (por exemplo, criando catálogos de receitas para um utilizador).
“Este é um momento de crescimento e oportunidade”, afirmou o director executivo da Alphabet, Sundar Pichai, em declarações aos jornalistas, quando questionado sobre se as novidades no sector da IA, vindas sobretudo da concorrência, poderiam representar uma ameaça para o negócio lucrativo da Google.
As apresentações desta terça-feira na conferência anual I/O da Google, que decorre em Mountain View, no estado norte-americano da Califórnia, seguiram-se a um anúncio da rival OpenAI na segunda-feira, que demonstrou como o ChatGPT pode interagir através de voz e vídeo, com entoação semelhante à humana, em resposta a qualquer pedido escrito ou visual. O director executivo da startup, Sam Altman, declarou que a OpenAI desenvolveu um software que “parece a inteligência artificial dos filmes”, mencionando especificamente o filme Her.
As semelhanças entre as novidades apresentadas pela Google e pela OpenAI evidenciam a rivalidade entre as duas empresas. A unidade de IA da Alphabet, a Google DeepMind, tem trabalhado para desenvolver tecnologia capaz de realizar tarefas quotidianas, com os primeiros resultados a traduzirem-se no Project Astra, uma ferramenta que, integrada num smartphone, pode filmar o ambiente em redor e auxiliar os utilizadores no seu dia-a-dia.
Num vídeo de demonstração apresentado na Google I/O, uma utilizadora recorreu à ferramenta para identificar visualmente código de software e encontrar óculos perdidos num escritório.
A empresa demonstrou também as potencialidade de associar o Project Astra ao Gemini Live, um novo assistente de voz e texto com um desempenho mais humanizado e natural que o anterior Assistente Google.
Demis Hassabis, director executivo da Google DeepMind, afirmou sobre o trabalho que conduziu ao Project Astra: “Queríamos construir um agente universal de IA que pudesse ser verdadeiramente útil no dia-a-dia.”
Outra área em que a Google demonstrou estar a responder à concorrência foi a criação de vídeos. A empresa anunciou o modelo de geração de vídeos Veo, que poderá criar vídeos com alta resolução (1080p) e duração superior a um minuto. Por enquanto, o Veo será disponibilizado apenas a um grupo de criadores certificados, fruto de uma parceria com o estúdio Gilga, do músico, actor e realizador norte-americano Donald Glover.
A Google anunciou ainda melhorias no seu modelo Gemini Pro 1.5, reforçando a capacidade de processamento de dados para o dobro da actual, o que significa que a ferramenta de inteligência artificial poderá, por exemplo, conseguir ler em segundos milhares de páginas de texto ou mais de uma hora de vídeo.