Maria da Graça Carvalho vai ser a próxima Ministra do Ambiente e a Energia. Com uma vasta carreira política, tem tido protagonismo no Parlamento Europeu na área da Energia e é vista por João Galamba como uma “boa escolha”. O ex-ministro socialista mostrou, contudo, discórdia sobre o tema do hidrogénio.
“Boa escolha para a Energia. Só um reparo: talvez atualizar o discurso” sobre o hidrogénio “porque ficou parado em 2019/20”, escreveu João Galamba, na rede social X, quebrando assim o silêncio público.
João Galamba demitiu-se a 13 de novembro do cargo de ministro das Infraestruturas após ter sido constituído arguido no caso Operação Influencer. Voltou a assumir funções como deputado até à dissolução do Parlamento, em janeiro. E desde então têm estado afastado da vida pública.
“As apostas ligadas a indústria que a nova ministra defende já estão todas em curso há anos e o projeto que critica foi abandonado, também há anos”, sublinhou sobre projetos descentralizados e ligados à indústria e a produtos verdes de elevado valor acrescentado – amónia, metanol, aço verde ou “jet fuel”.
Já sobre os projetos solares de grande dimensão, “espero que a nova ministra não ceda ao populismo dos micro projetos e reconheça que não há descarbonização sem aceleração de todos os projetos – grandes, médios e pequenos – e combata o populismo em torno dos projetos solares”, disse Galamba.
O socialista instou ainda a social-democrata a fazer uso do regulamento europeu para “garantir que a maior oportunidade industrial que este país já viu (as renováveis) avança mesmo“.
Como eurodeputada (mandato que cumpre desde as eleições de 2019), Maria da Graça Carvalho ganhou protagonismo como relatora de duas importantes reformas legislativas na área da energia – do mercado eléctrico e da monitorização dos mercados grossistas de electricidade e gás.
Nestes cerca de cinco anos, acumulou ainda várias tarefas: não só é membro da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia, tendo sido eleita vice-coordenadora do Grupo PPE (a família política do PSD), como integra também a Comissão das Pescas, na qual é vice-presidente, e a Comissão Especial sobre a Inteligência Artificial na Era Digital.
Esta não é a primeira experiência como deputada do Parlamento Europeu. Tinha já acontecido entre julho de 2009 e maio de 2014, altura em que foi relatora do programa Horizonte 2020 – Programa-Quadro de Investigação e Inovação (2014-2020).
E também não é estranha à governação nacional. Com longa carreira política, volta a um governo liderado pelo PSD, depois das experiências como ministra da Ciência e do Ensino Superior no governo de Durão Barroso, entre 2002 e 2004, e de ministra da Ciência, Inovação e Ensino Superior logo a seguir, no curto governo de Pedro Santana Lopes.