Os Estados Unidos avisaram os oficiais israelitas que o governo norte-americano pode atrasar mais entregas de armas, aprovadas recentemente pelo Congresso, se Israel continuar a avançar sobre a cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
Esta quinta-feira, o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, confirmou numa audiência no Senado que foi atrasada uma entrega de milhares de grandes bombas para as forças armadas israelitas. Isto após Israel, que garantiu que faria uma ofensiva “limitada” em Rafah, ter voltado a bombardear incessantemente o sul de Gaza, deixando os cerca de dois milhões de palestinianos abrigados na cidade numa situação ainda mais precária e perigosa.
“Fomos claros, desde o início, que Israel não devia lançar um grande ataque em Rafah sem ter em conta a proteção de civis no terreno de batalha. E por isso, avaliamos a situação e pausamos uma entrega de munições de alto volume. Ainda não tomamos uma decisão final sobre o que fazer com esse carregamento”, explicou Austin.
A decisão da administração Biden é mais um reflexo de como a atitude dos Estados Unidos tem lentamente mudado em relação ao seu mais importante aliado no Médio Oriente. Já por várias vezes os EUA avisaram Israel sobre as suas ações na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada, mas raramente tomaram qualquer medida que desencojarasse as autoridades israelitas de continuar a atacar Gaza.
O embaixador de Telavive nas Nações Unidas, Gilad Erdan, garantiu que as entregas dos EUA não vão parar, mas considerou, citado pelo The Guardian, que a pausa decidida pelo governo de Washington D.C. é “muito desapontante”.
Guerra no Médio Oriente
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Acampamento estudantil na Universidade de Lisboa não afetou aulas
As atividades académicas decorreram esta terça-feira com normalidade apesar do protesto estudantil pelo fim da guerra em Gaza e o uso dos combustíveis fósseis, que está a ocupar o átrio da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.
Oito tendas de campismo foram instaladas esta terça-feira de manhã no pátio do edifício, onde os estudantes colaram faixas e cartazes com as mensagens “Fim ao Genocídio”, “Fim ao Fóssil até 2030”, “De Lisboa a Rafah, Palestina Vencerá”, “Bloco de Resistência Estudantil – Fim à repressão policial”, “O nosso futuro acima do lucro fóssil” ou “Eletricidade 100% Renovável”.
Numa resposta enviada à Lusa esta terça-feira à noite, Luís Miguel Carvalho, diretor do Instituto de Educação, e Telmo Mourinho Baptista, diretor da Faculdade de Psicologia, referiram que as instituições foram surpreendidas pelo protesto estudantil, que ocupou o edifício partilhado por ambas as escolas da Universidade de Lisboa.
“Não foi solicitada qualquer autorização para a realização do protesto”, frisaram, acrescentando que “até ao momento não foi posto em causa o normal funcionamento das atividades”.
“As direções falaram com os estudantes e clarificaram que, tal como comunicado hoje [terça-feira] às nossas comunidades académicas, privilegiam a coexistência da manifestação do protesto com o desenvolvimento das atividades académicas previstas”, sublinharam ainda.
Com esta ocupação, convocada por vários coletivos, os manifestantes juntam-se assim ao movimento estudantil internacional, iniciado em universidades norte-americanas e que se tem repercutido por todo o mundo, incluindo vários países europeus, na América Latina e na Austrália.
Os protestos continuaram esta terça-feira em várias cidades europeias, como Paris, Berlim, Amesterdão ou Genebra, em alguns casos reprimidos pelas forças policiais e com detenções de dezenas de ativistas.
Outras notícias
> A polícia começou a esvaziar um acampamento pró-palestiniano na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, horas depois de dezenas de manifestantes terem começado a deixar o local na sequência de um ultimato feito pelas autoridades. Desde 18 de abril, pouco mais de 2.600 pessoas foram detidas em 50 espaços universitários dos Estados Unidos;
> As forças armadas israelitas disseram que reabriram a passagem de Kerem Shalom, no sul de Gaza, um ponto de entrada de ajuda humanitária que foi encerrado há três dias. Uma brigada de carros de combate israelitas posicionou-se na passagem de Rafah, entre Gaza e o Egito, na terça-feira, impedindo qualquer movimento. Israel controla atualmente todos os postos fronteiriços do território palestiniano;
> Em Estocolmo, onde decorre o festival Eurovisão da canção, o cantor sueco Eric Sad, de ascendência palestiniana, usou um keffiyeh – um lenço tradicional palestiniano – no pulso, provocando a ira da organização. O Eurovisão deste ano está a ser duramente criticado por muitos fãs por não excluir Israel da competição, apesar dos apelos de emissores de países concorrentes, optando antes por proibir quaisquer demonstrações de apoio pelo povo palestiniano dentro e fora de palco;
> A ofensiva recente sobre Rafah e os cortes na entrada de ajuda humanitária têm levado a ONU a alertar para a “fome total” no norte do enclave palestiniano e no risco para toda a população. Catherine Russell, diretora executiva da Unicef, reiterou numa publicação na rede social X (antigo Twitter) que as organizações no local precisam de combustível com enorme urgência;
> A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch acusou as forças israelitas de usarem ilegalmente a força letal em tiroteios contra palestinianos, com base em documentos sobre vários casos na Cisjordânia, e pediu a suspensão de apoio militar.