Os EUA alertaram esta quarta-feira que estão a “perder a paciência” à espera que as autoridades venezuelanas publiquem as atas que sustentam a vitória de Nicolás Maduro nas presidenciais, contestada pela oposição e não reconhecida por parte da comunidade internacional.
“A nossa paciência e a da comunidade internacional está a esgotar-se enquanto esperamos que as autoridades eleitorais venezuelanas sejam sinceras e publiquem os dados completos e detalhados destas eleições para que todos possam ver os resultados”, frisou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, em conferência de imprensa.
Kirby destacou que a administração liderada pelo Presidente dos Estados Unidos Joe Biden “partilha” as conclusões publicadas pelo Carter Center, organização norte-americana convidada pela Venezuela na qualidade de observador, que considerou que as eleições não foram democráticas.
Da mesma forma, o porta-voz garantiu que os protestos registados nestes dias na Venezuela se devem ao facto de “o povo venezuelano sair às ruas para exigir a contagem dos seus votos”, realçando que os populares “não podem ser culpados por isso”.
Protesto nas ruas de Caracas contra os resultados oficiais das presidenciais de 28 de julho, que muitos indícios põem em causa
Pedro Rances Mattey/Anadolu/Getty Images
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“Temos sérias preocupações sobre os mandados de captura que Maduro e os seus representantes poderiam emitir hoje contra os líderes da oposição”, alertou Kirby, que condenou “a violência política e a repressão de qualquer tipo”.
“A comunidade internacional está a observar e responderemos em conformidade”, garantiu.
Numa outra conferência de imprensa, o vice-porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, declarou também que a paciência dos Estados Unidos e da comunidade internacional está a esgotar-se, e sublinhou que “cada vez mais países” pedem ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano que publique os registos de votação.
Anadolu
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Patel recordou que a Organização dos Estados Americanos (OEA) vai realizar hoje uma reunião extraordinária em Washington para discutir a situação na Venezuela.
A Venezuela regista desde segunda-feira protestos em várias regiões do país contra os resultados anunciados pelo CNE, que proclamou oficialmente, na segunda-feira, como Presidente Nicolás Maduro, para o período 2025-2031.
De acordo com os dados oficiais do CNE, Nicolás Maduro foi reeleito para um terceiro mandato consecutivo com 51,2% dos votos, tendo obtido 5,15 milhões de votos.
O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve pouco menos de 4,5 milhões de votos (44,2%), indicou o CNE.
A oposição venezuelana reivindica, contudo, a vitória nas eleições presidenciais, com 70% dos votos para Gonzalez Urrutia, afirmou a líder opositora María Corina Machado, tendo tornadas públicas atas da larga maioria das mesas de voto para sustentar a reclamação.
ONU, União Europeia (UE), Estados Unidos, Brasil, Colômbia, Chile, México, Argentina e Espanha, entre outros, pediram às autoridades eleitorais venezuelanas que publicassem os registos das votações para verificar a alegada vitória de Maduro.