Mais conhecido pelo uso em pó para bebés, mas presente em muitos outros produtos, o talco foi classificado como “provavelmente cancerígeno” para os seres humanos pela Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS). O resultado da avaliação dos peritos, anunciada na semana passada, não é motivo para alarme – mas há alguns aspetos a ter em conta, segundo os especialistas ouvidos pelo Expresso.
A decisão é “prudente”, dado que a análise da literatura científica disponível concluiu pela existência de “evidência limitada” em relação aos humanos, “evidência suficiente” em experiências com animais e ainda “evidência mecanística forte”, ou seja, “mecanismos de toxicidade” que apontam para “desenvolvimento de alterações da ordem do genoma”, avalia Ricardo Dinis Oliveira, toxicologista da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Instituto Universitário de Ciências da Saúde-CESPU.
A limitação deve-se ao facto de não ter sido possível excluir a contaminação do talco com amianto, essa, sim, uma substância já classificada como cancerígena pela agência da OMS: está colocada no grupo 1, enquanto o talco figura agora no 2A, o segundo nível mais elevado. O risco de contaminação existe porque ambos são compostos minerais e, sobretudo, se não forem realizadas análises frequentes para o determinar por parte de quem comercializa os produtos.