O 33º Congresso das Comunicações arrancou na manhã desta terça-feira revestido quase na totalidade pelo tema da Inteligência Artificial (IA). Rogério Carapuça, presidente da Associação Portuguesa para Desenvolvimento das Comunicações (APDC), aproveitou a presença da ministra da Juventude e Modernização Margarida Balseiro Lopes para endereçar seis propostas ao Governo. Por sua vez, Arlindo Oliveira, presidente do instituto INESC, subiu ao palco do evento realizado em Lisboa, como coordenador da Estratégia Nacional para a IA, e revelou que já recebeu a luz verde para avançar com o plano que foi gizado para esta área tecnológica. O documento deverá seguir para consulta pública nos próximos tempos, confirmou o presidente do INESC.
“Costumo dizer que estratégias sem orçamentos são um hóbi”, alertou, ainda assim, Arlindo Oliveira. “Têm de ser criadas organizações, tem de haver orçamento e têm de ser alocados recursos, caso contrário temos uma estratégia que é um papel, mas ninguém faz nada”, acrescentou já à margem do evento.
Apesar de admitir que possam vir a registar-se alterações no elenco do grupo de trabalho, Arlindo Oliveira recorda que a Estratégia Nacional para a IA foi trabalhada nos últimos meses com o contributo de 40 especialistas, 50 documentos internacionais, centenas de contributos de empresas. Sob a coordenação do líder do INESC, foram criados três grupos de trabalho: um específico para a IA, outro para a gestão e exploração dos dados, e um terceiro mais específico, que está ligado à Web 3.0, e que envolve novos protocolos de comunicação.
Cada uma destas três áreas terá um pilar relacionado com a divulgação das tecnologias, um pilar que pretende fomentar a formação, e ainda um pilar da regulação e da governação. As três áreas têm planos de ação com várias medidas. Arlindo Oliveira remeteu qualquer comentário das medidas propostas para depois da consulta pública, que deverá acontecer em breve, mas admitiu a expectativa de que o plano siga em frente e seja levado à prática.
“Portugal vai ter de implementar o Regulamento Europeu da IA, vai ter de criar uma agência reguladora, mas acima de tudo é bom que haja uma visão para um plano de investimentos para levar o País para o pelotão da frente da IA”, referiu.
Na passagem pelo Congresso, a ministra Margarida Balseiro Lopes optou por não fazer grandes comentários sobre a Estratégia Nacional para a IA, mas não deixou de apontar para alguns objetivos que o Governo vai manter dentro do radar político: “É impossível fugir à transição digital”, disse, sem deixar de enaltecer o exemplo dado pela UE na defesa da “soberania digital”.
A Ministra da Modernização reiterou a intenção de apostar nas tecnologias como “instrumento de coesão social” que “está centrado no ser humano”, mas não deixou de referir que os 2,8 mil milhões de euros que poderão vir a ser desbloqueados na economia europeia, caso seja dado salto qualitativo nos próximos tempos.