As forças israelitas anunciaram nesta segunda-feira a retirada do Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, após uma operação que se prolongou por duas semanas e que deixou um rasto de edifícios destruídos e corpos de palestinianos espalhados por entre os escombros.
Centenas de habitantes acorreram à zona em redor do maior hospital da Faixa de Gaza para ver os danos causados nos bairros residenciais circundantes, após os combates entre Israel e o Hamas, escreve a Reuters.
“Não parei de chorar desde que cheguei aqui, foram cometidos massacres horríveis pela ocupação”, disse Samir Basel à agência noticiosa, através de uma aplicação de conversação. “O local está destruído, os edifícios foram queimados e destruídos. Este lugar precisa de ser reconstruído, já não há hospital Al-Shifa”, acrescentou Basel, de 43 anos.
Outro residente, Mohammed Mahdi, descreveu à Associated Press um cenário de “destruição total” nas imediações da unidade hospitalar, onde encontrou pelo menos seis corpos. Também Yahia Abu Auf diz que “a situação é indescritível”. “A ocupação destruiu todo o sentido da vida aqui”, lamentou, citado pelo “The Guardian”.
As forças israelitas dizem que mataram e detiveram centenas de homens armados em confrontos na zona do hospital, além de terem apreendido armas e documentos dos serviços secretos. O Hamas e o pessoal médico negam que os combatentes palestinianos tenham qualquer presença armada nos hospitais.
Um porta-voz do Serviço de Emergência Civil de Gaza afirmou que as forças israelitas executaram duas pessoas cujos corpos foram encontrados algemados no complexo e que utilizaram tratores para escavar os terrenos do complexo e exumar corpos enterrados. A Reuters não conseguiu verificar a alegação de execuções e refere não ter obtido qualquer comentário dos militares israelitas.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram corpos de palestinianos mortos, alguns cobertos com cobertores sujos, espalhados pelo chão à volta do edifício carbonizado do hospital. Numerosos edifícios nas imediações das instalações foram arrasados ou incendiados.
Antes da primeira declaração de Israel sobre a operação militar no hospital no enclave, o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, indicava que o exército israelita tinha retirado os carros de combate do complexo deixando destruição e “dezenas de corpos de mártires, alguns em estado de decomposição”.
Guerra Israel-Hamas
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Israel garante que as operações dentro do Al-Shifa foram conduzidas “evitando danos a civis, pacientes e equipas médicas” e ainda não comunicou mais detalhes sobre o “fim” desta operação do exército.
O Ministério da Saúde de Gaza informou no domingo que 400 pessoas morreram durante as duas semanas da operação. O exército de Israel dizia estar a “travar combates corpo a corpo” com combatentes do Hamas, numa operação que resultou na morte de cerca de 200 supostos combatentes.