Festival da Eurovisão
A opinião “Eurovisão, um festival de política” da articulista Carmo Afonso, que muito prezo ler, tocou todas as vertentes no que tal festival se tornou: uma miscelânea de interesses, em que tudo o que dê “lucro” entra, e o essencial – a música e a letra – é quase olvidado, passando para segundo plano ou, então, alterado.
Por fim, as coreografias, as indumentárias e outras bijuterias são de um degradante e desviante mau gosto. Será que temos o que merecemos, ou já não somos deste mundo?
José Amaral, Vila Nova de Gaia
Faixa de Gaza
Se por breves instantes nos debruçarmos sobre como ao longo dos tempos tem sido difícil definir a dimensão e o sentido conteudístico da palavra genocídio, compreendemos melhor os palpos de aranha com que o debutante Paulo Rangel se debateu para classificar o massacre que diariamente as televisões nos mostram na Faixa de Gaza!
Se nos lembrarmos também que o impiedoso e sobranceiro primeiro-ministro israelita Netanyahu se recusa aceitar a criação dum Estado palestiniano, como recomenda a ONU, e agora, a par da temida e imoral incursão militar na cidade de Rafah, proíbe a entrada de bens alimentares, roupa e medicamentos, bem pode o actual ministro dos Negócios Estrangeiros português rever o seu conceito e reflectir com os parceiros europeus sobre a oportunidade do reconhecimento dos direitos dum povo que desde os meados do século passado aguarda justiça e liberdade.
Todos sabemos e compreendemos que a diplomacia não diz em público o que trata nas chancelarias, mas aqui no cárcere de Gaza foram ultrapassadas todas as linhas vermelhas e só agora o mundo parece despertar. A História fará o resto!
José Manuel Pavão, Porto
Eleições europeias
As eleições europeias de modo geral dizem muito pouco aos portugueses. Os 21 eleitos representam cerca de 3% dos deputados europeus, que estão distribuídos pelas famílias políticas que constituem o Parlamento. Se o PSD concorrer como AD, os seus candidatos irão cair na mesma família dos socialistas. Se no caso dos partidos de esquerda nos bastará conhecer os cabeças de lista, pois na melhor das hipóteses apenas terão um eleito por partido, no que se refere aos dois maiores partidos é importante divulgarem a lista de candidatos elegíveis. O grande problema está nos partidos de extrema-direita, pois, quer cá, quer num grande número de países esta ala tem vindo a aumentar de forma preocupante, podendo vir a tornar-se a segunda maior família, por vezes, muito pouco europeísta.
Como refere Pacheco Pereira no seu excelente artigo de 10 de Maio, “para a maior parte dos portugueses, o Parlamento Europeu é uma abstracção que consideram inútil”. Se a acrescentar a isto as campanhas eleitorais apenas tratarem de assuntos internos, tais como, as demissões, o cumprimento das promessas eleitorais, as “alianças negativas”, etc., em vez de abordarem os assuntos preocupantes na União Europeia, então ainda maior será o desinteresse por estas eleições, já afectadas por um calendário muito pouco favorável. Um bom debate sobre as funções do Conselho Europeu e a Comissão Europeia seria bem mais útil e teria funções pedagógicas e esclarecedoras para a grande parte dos eleitores. Dificilmente veremos isto em troca de lutas internas partidárias.
António Barbosa, Porto
PS ou PSD sempre a elevar o Chega?
O Chega deve estar encantado – quando não faz os alaridos usuais, é tema de política do PS ou do PSD. O Chega agradece ser alvo das atenções desses partidos, que deviam estar mais focados em defender as ideias que possam ter para o país ou para a Europa. O Chega usa o regime político actual para o destruir por dentro, para desfazer a democracia. Essa é a via seguida por partidos da extrema-direita. E do vazio, dos restos, instalar um regime autoritário. Um regime antiliberdades, anti-imigrantes, etc. O PS e o PSD devem fugir a este registo. Criar mais confusão só ajuda a aumentar a confusão, que é a única coisa que o Chega sabe e quer fazer.
Augusto Küttner de Magalhães, Porto