André Murteira debruça-se, nesta obra, sobre a história das causas do insucesso financeiro da Carreira da Índia, cortesia dos corsários.
Depois do êxito da viagem de Vasco da Gama em 1497-1499, os portugueses rapidamente montaram uma ligação marítima regular à Ásia, que passou à história durante três séculos sob o nome de Carreira da Índia. Contudo, o seu sucesso financeiro foi magro, muito por causa dos corsários que assolavam as naus portuguesas.
No regresso a Portugal – conhecido como ‘torna-viagem’ –, era comum os navios dirigirem-se a Santa Helena, juntando-se aí a outros para entrarem juntos em águas portuguesas, evitando assim os ataques dos ingleses. Mas, Santa Helena também era ideal para o corso neerlandês. E, como os galeões portugueses vinham carregados, os navios dos Países Baixos faziam lucros chorudos.
Pelas mesmas razões, a Ilha de Moçambique foi alvo da cobiça neerlandesa. Se juntarmos a tudo isto, o bloqueio a Lisboa, em 1606, e a Goa, em 1623, torna-se evidente que a Carreira da Índia se tornou pouco atrativa para o investimento privado.
Esta é a história analisada em “A Carreira da Índia e o Corso Neerlandês (1595-1625)”, de André Murteira, com apresentação de Francisco Contente Domingues, o mais recente volume da coleção Navios e Oceanos, da editora Tribuna da História.
O autor é Mestre em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa pela Universidade Nova de Lisboa (2006). Investigador do Centro de História de Além-Mar, da Universidade Nova de Lisboa, foi bolseiro de Mestrado da Fundação Oriente e é atualmente bolseiro de doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Tem publicado diversos trabalhos sobre a história marítima do século XVII.
Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.